A história de Giorgio Armani

Giorgio Armani, a filosofia do estilista bilionário da moda

Seguindo com a nossa série sobre os 15 maiores estilistas de todos os tempos, chegou a vez de Giorgio Armani, quinto lugar no ranking da Blomme, depois de Chanel, Dior, Valentino e Miuccia Prada.  

Giorgio Armani, um dos mais renomados estilistas do mundo da moda e empresário de enorme sucesso, é também o único proprietário do conglomerado de luxo que leva o seu nome, o Giorgio Armani S.p.A.

Na moda, ele é um dos últimos representantes de uma geração icônica de estilistas protagonistas do famoso “Made in Italy”. 

Admirado na indústria da moda italiana, Giorgio Armani está no topo do ranking dos italianos mais ricos, ocupando o segundo lugar, segundo a CEO WORLD magazine, com uma fortuna avaliada em 11 bilhões de dólares em março de 2023. 

Um início nada fácil e uma história de muito trabalho e dedicação, como ele mesmo relata:

Foram anos de sacrifício e trabalho duro. Eu não tinha mais tempo para mim. Muitas vezes eu me vi chorando desesperadamente às onze horas da noite, na fábrica, onde eu tinha sido deixado sozinho entre milhares de metros de pano.

E você sabia que a moda, não foi a primeira escolha de Giorgio Armani.

Por dentro da história de Giorgio Armani!

Giorgio Armani nasceu em 11 de julho de 1934 em Piacenza, uma pequena cidade no norte da Itália, na região Emilia Romagna.

Ele é o segundo filho de Ugo Armani e Maria Raimondi, que tinham mais dois, Rosanna e Sergio.

Armani passou a infância e o início da adolescência na província.

Segundo ele, teve uma infância pacífica e cercado de amigos, não obstante ter vivido as dificuldades da Segunda Guerra.

Já passei por momentos difíceis. Tivemos um período em que todas as noites, às 2h, 3h, 4h da manhã éramos acordados pelos nossos pais e levados para os abrigos, porque havia formações de ar chegando. Esta é uma tremenda experiência para uma criança de 4-6 anos. Muitos atribuem à minha infância difícil a minha capacidade de imaginar mundos maravilhosos através das roupas. Provavelmente quando criança comecei a querer sonhar. Naquela época, aqueles que viajavam eram apenas filhos dos senhores, dos ricos. Tudo isso provavelmente estimulou em mim o desejo de conhecer, mesmo que apenas na minha cabeça, mundos diferentes. Acho que isso é uma boa parte do meu sucesso.

Giorgio Armani entrevistado por Stina Dabrowski, 2009

Contam que a mãe de Armani se vestia elegantemente e os filhos com roupas que chamavam atenção pelo estilo, a despeito das dificuldades financeiras. 

Segundo Armani, sua mãe teve uma grande influência formativa na vida dele e sua infância foi marcada pela simplicidade. 

Tenho muitas lembranças do meu passado, da minha infância. Eles certamente influenciaram as escolhas no meu trabalho. Lembro-me da elegância da minha mãe e do meu pai. Muito básico. Talvez fosse uma elegância interior, também porque não tínhamos muito dinheiro. Lembro-me de minha mãe fazendo roupas para nós, meninos. Éramos objeto de inveja de nossos colegas de escola: parecíamos ricos, mas éramos muito pobres.

Giorgio Armani in Made In Milan, 1990, Martin Scorsese

Desde criança, Armani pensava em ser médico.

Em 1949, aos 16 anos, Giorgio Armani mudou com a família para Milão que ainda não tinha a dimensão da “capital da moda” como conhecemos, mas já era palco dos movimentos econômicos e culturais. 

Assim, após se formar no liceu, chegou a cursar a faculdade de medicina na Universidade Estadual por três anos, mas “sem muita convicção”, como ele próprio revelou, e interrompeu os estudos para cumprir o serviço militar. 

Após prestar dois anos de serviço, de fato, Giorgio Armani não retornou à universidade, dando seu primeiro passo no mundo da moda.

Então tudo começou! 

Em 1957, ele foi escolhido como vitrinista na La Rinascente, a renomada loja de departamento em Milão, e teve sucesso muito rápido.

Eu me aproximei do mundo da moda por puro acaso… eu estava em Milão, desempregado; então, através de um conhecido, entrei em La Rinascente para cuidar de qualquer coisa que me fosse oferecida. Me ofereceram para cuidar das roupas, junto com essa coisa, não é verdade, das vitrines… Eu não montei as vitrines, mas ajudei os arquitetos que cuidaram das instalações. Então veio por acaso. Eu não esperava me tornar um designer de moda, também porque ele era uma figura que não existia na época. Digamos que eu não estava muito consciente de mim mesmo: eu tinha realizado meus estudos em medicina sem muita convicção, eu tinha aproveitado o serviço militar para interrompê-los, e eu tentei entender o que eu queria fazer na vida. Foi pura coincidência que eu lidasse com moda, odiando-a também! Não é como se eu a amasse muito no começo.

Giorgio Armani entrevistado por Enzo Biagi, 1983

Lá trabalhou como vendedor e assistente de compras da linha masculina, uma experiência que, dizem, contribuiu para sua visão muito particular da moda, que lhe permitiu desenvolver uma apurada concepção de estilo com aguçada capacidade de business

Contam que sob a influência de sua irmã, Rosanna, que se tornou uma modelo de sucesso, Armani passou a frequentar o meio da moda, círculo que não mais deixou. 

A primeira oportunidade como estilista surgiu em 1964, quando Nino Cerruti, empresário e estilista italiano, chamou-o para trabalhar.

Ele começou como assistente de estilo de roupas masculinas da linha Hitman da casa de moda Nino Cerruti, a primeira fábrica de prêt-à-porter para homens, que trouxe o acabamento e a qualidade da alfaiataria italiana para a pronta entrega.

Graças à parceria com a Cerruti, Armani conheceu profundamente o setor, moldando sua visão sobre os tecidos e combinações, e começou a conceber sua própria ideia de estilo e moda, que permanece indissolúvel ao longo de sua carreira criativa. 

Naquele momento, estudando as roupas masculinas, ele entendeu que a estética do homem precisava de uma mudança, uma revolução.

Armani criou ternos com cores frias e tecidos mais leves, remodelou a jaqueta, com ombros mais estreitos e mudou os botões de lugar. 

Mas o trabalho de Armani não se restringiu ao design; com sua visão do negócio da moda, ele se preocupou em tornar a produção eficiente e otimizada, do corte de tecidos ao preço dos produtos. 

Os ternos desconstruídos foram bem-sucedidos, rejuvenesceram a marca Nino Cerruti, e Armani passou a ser requisitado como freelancer por outros fabricantes.

Segundo os biógrafos, nesse momento Armani moldou a sua visão dos ternos e peças do vestuário masculino desestruturados e em tecidos fluidos, para depois desenvolver e amadurecer este conceito também com a utilização de materiais mais tradicionais nas coleções que levariam o seu nome.

Segundo o próprio Armani, Cerruti teve uma influência tangível e positiva na vida dele, com quem aprendeu não só o gosto pela alfaiataria leve, mas também a importância de uma visão global, como designer e empreendedor.

Assim, em 1975, Giorgio Armani, aos 41 anos de idade, junto com Sergio Galeotti, seu amigo e companheiro, fundaram em Milão a empresa Giorgio Armani. 

Galeotti, arquiteto, onze anos mais novo que Armani, foi quem o convenceu a abrir sua própria marca.

A estrutura da empresa foi bem definida, com Giorgio Armani no comando da direção criativa e Sergio Galeotti na direção financeira. 

E detalhe, contam que o início do negócio foi financiado pela venda do Volkswagen do designer que, com esse capital, fez os primeiros investimentos: alugou instalações no centro de Milão e contratou um pequeno número de funcionários. 

Giorgio Armani iniciou o seu trabalho, exclusivamente, com a linha masculina, com um toque minimalista e elegante, roupas mais despojadas.

Os blazers não estruturados de Armani eram completamente desalinhados, leves, feitos de tecidos macios e desprovidos de suportes internos, como acolchoamento e contra forro. 

Os botões foram movidos e as proporções tradicionais ombro-busto-cintura completamente redesenhadas em favor de uma estética mais fluida. 

Seu estilo prefere cortes nítidos e limpos, feitos em uma variedade de cores frias como azuis, cinzas e, sobretudo, o “greige”, um cruzamento das cores cinza e terra que ele imaginou, resultando num tom de cinza discreto e elegante, que se tornou quase uma marca registrada da Armani. 

Ele introduziu fibras leves, naturais, bom caimento e conforto, uma alfaiataria sofisticada. 

O que eu queria fazer imediatamente era remover essa imagem muito rígida do vestuário masculino e dar um ar solto, casual, mais perto do corpo humano. Acho que esse foi o meu ponto de partida favorável, em um momento em que a moda precisava de uma mudança.

Giorgio Armani entrevistado por Stina Dabrowski, 2015

Um ano após o do lançamento da sua marca, Armani começou a trabalhar com a linha feminina.

Ele fez roupas para as mulheres que seguem os mesmos princípios do vestuário masculino, terninhos e blazers com silhuetas masculinas.

Ao adaptar o vestuário masculino ao feminino, com corte informal e leve e tecidos mais delicados, e ao jogar com as proporções ampliadas e controladas, mas delineados ao corpo com um toque feminino, dando liberdade e, sobretudo, poder às mulheres, ele teve seu talento reconhecido.

Sobre esse momento inicial da carreira, Armani contou à WWD:

Minha visão era clara: eu acreditava em me livrar do artifício das roupas. Eu acreditava em cores neutras.

Muitos consideram que Armani criou o look mais influente no vestuário feminino desde o inovador New Look criado por Dior em 1947. 

Mas além do talento criativo de Giorgio Armani, o sucesso da marca se deu por conta da sagacidade empreendedora de Galeotti, capaz de aproveitar as oportunidades de negócios decididamente inovadoras para a época. 

Os dois parceiros compreenderam que a geração X, os jovens da época, precisavam de um ponto de referência acessível, fácil e reconhecível, e decidiram criar uma marca nova, com características profundamente diferentes da marca principal, a Giorgio Armani. 

Assim, em 1981 nasceu o Emporio Armani, e o denim foi a peça central da nova marca, a primeira de moda italiana a lidar com jeans

O sucesso comercial desta linha foi enorme; o nome, Empório, sugestivo: um lugar onde você pode encontrar tudo, pelo preço certo. 

Até mesmo o logotipo da nova marca, a icônica águia, rapidamente alcançou reconhecimento internacional, um sucesso avassalador.

O denimwear fez tanto sucesso que em 1982, eles criaram uma nova marca, a Armani Jeans, que após mais de 30 anos de bons resultados, em 2018, foi incorporada pela Empório Armani.

Tudo mudou quando, em 1985, Galeotti faleceu.

Eles estabeleceram uma relação de afeto profundo, para além da parceria profissional que, como Armani afirmou à Vanity Fair, “definir o amor seria redutor”.

Galeotti foi uma figura crucial na vida de Armani, e a perda dele o impactou profundamente.

Foi muito difícil – confidencia muitos anos depois. – Ninguém acreditou que eu iria conseguir, exceto minha família. Muitos previram meu colapso psicológico.

Mas ele acabou por assumir o controle da empresa e se descobrir como um empresário completo, e, desde então, tanto a direção criativa, quando a gestão da empresa ficaram em suas mãos.  

Armani nunca admitiu outro sócio, nem vendeu a marca para grupos empresariais, e se tornou um dos estilistas mais ricos e independentes do mundo da moda, um feito num meio dominado pelos conglomerados de luxo com gestão profissional dissociada da direção criativa.

Embora muito demandado, Armani, ousado e confiante, fez a empresa crescer com seu real entendimento da conexão essencial entre design, desfiles e a necessidade dos clientes. 

Nessa mesma época, os Estados Unidos estavam testemunhando um movimento na moda de baixo para cima, com o streetwear, activewear e certas subculturas, como o hip-hop, influenciando as roupas que os jovens usavam.  

Giorgio Armani percebeu essa mudança sem precedentes no mundo da moda e foi o primeiro estilista a investir nesse segmento, voltado para os jovens e livre das imposições da moda. 

Em 1991 lançou A|X, Armani Exchange, antecipando em cerca de vinte anos a tendência street chic tão presente no gosto contemporâneo, tendo como alvo o público jovem.  

Em 2000, ele criou a Armani Collezioni para atender à demanda por roupas mais acessíveis e atemporais que a da marca principal, Giorgio Armani.

Em seguida, em 2004, Giorgio Armani, um amante de esportes como futebol e basquete, decidiu investir nesse novo segmento e lançou a marca EA7, Emporio Armani 7, tornando-se concorrente de gigantes como Adidas, Nike e Pumas.  

Em 2005, abriu o selo Armani Privê, de alta costura, onde rigor e excentricidade coexistem em um equilíbrio perfeito.  

Em 2018, a A|X tornou-se o substituto mais contemporâneo e esportivo das marcas agora esquecidas: Armani Jeans e Armani Collezioni.

O “power suit” de Armani!

Na década 70 e 80, Armani propôs ternos para mulheres que contribuíram para o visual típico da época, o power suit.

O paletó tinha corte semelhante ao terno masculino, mas os ombros eram exagerados e fortemente marcados por ombreiras.

O fato de uma escolha de moda poder influenciar a noção de poder foi uma novidade dos anos 80, que teve o seu auge com essas peças rígidas, grandes, de aspeto quase “quadrado”, conjugadas com calças com um número exagerado de pregas, um visual típico da época. 

Esse termo, power suit, foi inventado na época para designar essas roupas usadas pelas mulheres que ascendiam no mundo dos negócios até então dominado pelos homens. 

Nos anos 80, em especial nos Estados Unidos e no Reino Unido, quando as mulheres começaram a alcançar postos de chefia em grandes empresas, elas utilizaram também as roupas – os tailleurs com ombros extralargos – para passar uma mensagem de poder e autoridade.

Assim, Giorgio Armani é considerado o mestre do power suit, e acabou também por personificar o powerdressing, movimento feminino iniciado nos anos 80 para a emancipação da mulher no mercado de trabalho, embora o trabalho dele, na época, não se restringisse a isso. 

Ainda nos anos 80, Armani suavizou os ombros e paletós.

Ele continuou produzindo blazers grandes e soltos e calças bem cortadas, seguindo sempre uma modelagem baseada em linhas amplas e flexíveis, mas suas peças tornaram-se discretas e menos marcantes.

Na verdade, grande parte das roupas femininas criadas por Armani tem uma qualidade andrógina que atrai mulheres que trabalham, ao favorecer um sutil “visual poderoso” que insinua mais sobre o estilo de vida do que uma atividade profissional em específico, como bem resume Callan no livro Enciclopédia da Moda.

Livro Enciclopédia da Moda

Giorgio Armani em Hollywood!

Em 1979, cinco anos após ter criado a sua empresa, Armani abriu a primeira loja nos Estados Unidos.

Pouco anos depois, em 1983, criaram um escritório em Hollywood com o objetivo de facilitar o seu relacionamento com as celebridades do cinema. 

Como contamos no nosso post sobre cinema e moda, alguns estilistas tem uma relação mais íntima com a sétima arte, e Giorgio Armani é um dos que tem uma das parcerias mais produtivas.

Ele já criou figurinos para mais de 200 filmes, vestiu dezenas de atrizes para as premiações, apoiou e produziu filmes e documentários. 

A atriz Diane Keaton, no Oscar de 1978, foi a primeira celebridade a usar um Armani no tapete vermelho, quando recebeu o prêmio de melhor atriz pela sua atuação em “Noivo neurótico e noiva nervosa”.

Ela vestiu um blazer e uma saia longa, que trazia uma proposta do estilista para o mundo, uma nova versão de peças já existentes, o powerdressing no red carpet!

Armani produziu o figurino icônico de Richard Gere, protagonista do filme Gigolô Americano (1980), o que aumentou ainda mais o já crescente sucesso da marca. 

A grife vestiu Sean Connery e Kelvin Costner no filme “Os intocáveis” (1987), e novamente Kevin Costner no filme “O guarda costas” (1992), Tom Cruise em Missão Impossível: Protocolo Fantasma (2011), Christian Bale em O Cavaleiro das Trevas (2008) e Leonardo Di Caprio em “O lobo de Wall Street” (2013).

Um sucesso de bilheteria atrás do outro!

Além disso, em 1999, foi um dos produtores do documentário de Martin Scorsese sobre o cinema italiano “Minha viagem à Itália”.

Cate Blanchett se tornou amiga e musa inspiradora de Giorgio Armani e aparece em muitos eventos usando os vestidos e peças da marca.

Mais recentemente, outras celebridades usaram peças exclusivas da linha de alta costura, Armani Privê, no Oscar e no Grammy, como Alicia Keys, Camila Cabello e Lady Gaga, que vestiu algumas das roupas mais exóticas com a assinatura de Giorgio Armani. 

Muitas personalidades da moda, do cinema, da música e dos esportes como David e Victoria Beckham, Cate Blanchett, Rihanna, Cristiano Ronaldo e Ryan Reynolds participaram de campanhas publicitárias da Armani, sendo unânimes na admiração pelo estilista e a marca.

Armani tem nesse meio uma clientela fiel e um círculo de amizades.

O espaço à parte de Giorgio Armani!

Para comemorar 40 anos de atividade, a Armani reformou e adaptou, cuidadosamente, um antigo depósito de cereais da década 50, na Via Bergognone em Milão, um espaço de 4.500m2, onde abriu seu próprio espaço museológico.

Escolhi chamá-lo de Silos porque os grãos, matéria-prima para a vida, eram armazenados ali. E assim, como a comida, a roupa também é necessária para viver.

Inaugurado em 2015, Armani Silos celebra o trabalho do estilista e conta em seu acervo com 600 peças de roupas e 200 acessórios, o melhor das coleções criadas por Giorgio Armani de 1980 até os dias atuais, além abrigar exposições temporárias de arte e fotografia.

Destaca a influência nas criações de Armani das culturas africana e paquistanesa representadas pelas túnicas, da indiana pelas saias e camisas sem gola e do sudeste asiático pelas saias drapeadas.

O Armani Silos é imperdível para quem gosta da marca, e o acervo nos mostra as razões do enorme sucesso das criações de Giorgio Armani!  

A vida pessoal de Giorgio Armani!

Sempre muito reservado sobre suas relações privadas, Giorgio Armani confidencia que dedicou quase toda a sua vida ao trabalho, ligando as relações de trabalho às pessoais.

Minha vida é reduzida a algumas horas por dia, das nove da noite à meia-noite. Nos fins de semana, eu possuo casas, então muitas vezes me cerco de pessoas que são pessoas do meu escritório, que se tornaram amigas depois de tantos anos. É um círculo fechado: a vida é trabalho, o trabalho é vida. As pessoas que trabalham comigo são meus amigos e meus amigos são aqueles que defendem minha causa. […] Meu maior arrependimento é não ter me cuidado muito. Tenho estado muito atento aos outros, quase ao serviço dos outros, ao ponto de ter mesmo de abandonar o meu emprego, ou dividir o tempo da minha vida entre o privado e o público. Eu falhei em fazê-lo.

Por dentro do legado da moda de Giorgio Armani | O Negócio da Moda, 2015

Como não tem filhos, Giorgio Armani tornou seus sobrinhos seus herdeiros e está preparando a sucessão com pessoas próximas a ele.

Roberta Armani, sua sobrinha e colaboradora direta, está sempre junto com Armani, acompanhando-o e representando-o em eventos, Silvana Armani, também sua sobrinha, atua na linha feminina e Leo Dell’Orco, que está na empresa desde 1977, na moda masculina.

A despeito de circular rumores sobre seu afastamento, Giorgio Armani não dá sinais de que pretende se aposentar e, ao contrário, continua firme e forte! 

O olhar crítico de Giorgio Armani!

Durante os desfiles de fevereiro 2020 em Milão, assim que tomou conhecimento dos primeiros casos de COVID-19, Giorgio Armani decidiu fechar as portas de seu desfile, mostrando sua coleção de outono/inverno 2020-21 em um contexto silencioso, desprovido de flashes e aplausos. 

Algumas semanas depois, em uma carta endereçada ao WWD, ele criticou fortemente o sistema de moda por seus ritmos desnecessariamente exagerados, anunciando uma mudança radical de abordagem em direção a um modelo mais humano e mais sustentável.

Durante anos, tenho feito as perguntas habituais durante as conferências de imprensa pós-show, perguntas que muitas vezes não foram ouvidas ou consideradas moralistas. A emergência atual mostra que uma desaceleração cuidadosa e inteligente é a única saída. É um caminho que finalmente trará valor de volta ao nosso trabalho e que garantirá que o cliente final perceba sua importância. O declínio do sistema de moda como o conhecemos começou quando o segmento de luxo adotou os modos de operação do fast fashion, imitando esse sistema na esperança de vender mais e esquecendo que o luxo leva tempo para ser alcançado e apreciado. O luxo não pode e não deve ser “rápido”. Não faz sentido que uma das minhas jaquetas ou vestidos sobreviva nas lojas apenas três semanas antes de se tornar obsoleta, substituída por roupas novas que não são muito diferentes. Eu não trabalho assim e acho imoral trabalhar assim. Sempre acreditei numa ideia de elegância atemporal, que não é apenas um código estético preciso, mas também uma abordagem ao design e realização de peças de vestuário. Pela mesma razão, acho absurdo que, no meio do inverno, nas boutiques, encontremos apenas vestidos de linho, enquanto os casacos de alpaca estão no verão, pela única e simples razão de que o desejo de comprar deve ser satisfeito imediatamente.

Giorgio Armani, Carta Aberta ao WWD, 04/03/2020

Assim, o estilista mostra, quase aos noventa anos, uma lucidez e visão crítica da indústria da moda que não é comum entre seus pares, inclusive os mais novos. 

Como afirmou Giorgio Armani, ele prefere pensar sobre uma filosofia de moda e não sobre design de moda. 

E sua filosofia de moda, segundo o próprio Armani, é a simplicidade discreta através da eliminação do excesso, com uma influência frequente da Ásia, uma certa qualidade de atemporalidade que permite o transcender as estações, um jogo de contrastes frequente, justapondo o esperado com o inesperado. 

Essa filosofia de moda busca continuamente evoluir e desenvolver e considera fundamental a necessidade de o design encontrar, consistentemente, a necessidade dos homens e mulheres. 

Segundo Armani, mais que aparecer nas manchetes com designs radicais, mas impraticáveis, só para chamar atenção da mídia, ele busca um resultado com destaque para a identidade dos personagens. 

Encontraram na minha forma de fazer moda, um estilo que se repete sempre, de uma forma muito coerente, mas também muito inovadora. Acho que este tem sido o segredo do meu sucesso: não vejo a razão para fazer um trabalho criativo que seja um fim em si mesmo. Para as pessoas que amam moda e excesso, o estilo Armani é estático. Mas é uma escolha que eu fiz. Eu gostaria de mostrar a tantas pessoas quantas coisas eu fiz que ninguém notou como criativas. O que eu fiz também foi filtrado pelos clientes, que não querem que Armani se torne “aquele que segue tendências”, mas que seja ele mesmo. As pessoas querem o estilo Armani, qualidade, conforto e inovação. Elas querem o lógico, não o irracional.  

Por dentro do legado da moda de Giorgio Armani | O Negócio da Moda, 2015

Com essa filosofia e ao permanecer à frente da marca e do grupo Armani, como único proprietário e diretor criativo desde a criação, ele trilhou um caminho ímpar na moda, que poucos conseguiram, e se tornou um dos melhores no seu meio. 

Giorgio Armani, um dos últimos remanescentes de uma geração icônica levou a moda italiana ao topo do mundo fashion, criou um verdadeiro lifestyle, o mundo de Giorgio Armani.

Não é sem razão que Armani é chamado de “Re Giorgio”, ou seja, “Rei Giorgio”, aqui na Itália.

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