Design regenerativo

A moda que contribui para a regeneração do planeta

Como criar coleções que ajudam a regenerar o ecossistema. Ouça aqui:

Design regenerativo é um design com impacto positivo para o nosso planeta.

Ou seja, por meio das nossas criações recuperamos os recursos naturais exauridos no processo produtivo e nos reintegramos com os ciclos da natureza.

O conceito de moda regenerativa pode ser complexo, mas vamos simplificá-lo! 

Primeiro, regenerar é redesenhar a forma como vivemos até hoje e para tal temos que levar em consideração os diversos fatores sociais e ambientais.

“Uma cultura humana regenerativa é saudável, resiliente e adaptável; cuida do planeta e da vida com a consciência de que esta é a maneira mais eficaz de criar um futuro próspero para toda a humanidade.”

Daniel Christian Wahl, biólogo, autor do livro Design de Culturas Regenerativas.

Para colocar em prática a visão do design regenerativo na moda, nós, profissionais da área, temos que transformar radicalmente a mentalidade com a qual até hoje criamos coleções.

Veja como e alguns exemplos inspiradores. 

O design regenerativo e as práticas sustentáveis!

Enquanto pensarmos na natureza apenas como uma mera fonte de matéria prima, sob a ótica econômica, não estaremos no caminho da sustentabilidade!

Sustentabilidade é adotar práticas pensando na preservação do planeta para as futuras gerações. 

Mas o design regenerativo é muito mais abrangente que isso, é ir além da manutenção de um determinado estado, é pensar numa moda que ajude a reparar e regenerar a biodiversidade. 

Produzir fibras têxteis a partir da agricultura regenerativa, criar peças que respeitem toda a cadeia produtiva, dando espaço à circularidade criativa, através do upcycling, com o uso, inclusive, de peças pré-loved.  

Nossas criações podem e devem fazer parte da cura do nosso planeta.  

O design regenerativo e uma nova mentalidade empática!

A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro; ao experimentar o que o outro está sentindo, nos identificamos e nos sensibilizamos com ele. 

Ao vermos a natureza somente como mera fonte de recurso não estamos sendo empáticos. 

O design regenerativo nos convida a uma nova mentalidade “multi-species”, que não nos coloca acima de nenhum outro ser vivo, mas nos faz sentir parte integrante de todo o ecossistema.   

Ao invés de criar só para os seres humanos, ao pensar em todas as espécies e incorporar seu comportamento, suas necessidades e meios de sobrevivência nas nossas criações, então aumentamos exponencialmente o nosso potencial como designers.” 

Carole Collet, Professor in Design for sustainable futures, Director of Maison/0, co-Director of Living Systems Lab at Central Saint Martins UAL.

Colocando em prática a moda regenerativa!  

Na moda, nós profissionais estamos sempre em constante “estado de emergência”, a mil por hora, como contamos nos nossos posts sobre burnout e stress na moda.

Um primeiro passo no caminho do design regenerativo seria nos afastarmos por um instante das nossas tarefas diárias e dedicarmos um tempo para repensar o inteiro ciclo produtivo, fazermos perguntas e investigá-lo a fundo!

Segundo Carole Collet, antes de qualquer ação, seria prioritário criar empatia com a natureza, o que permite liberar uma enorme energia criativa.  

Para tanto, ela sugere um “powerful sabatical”, um fim de semana em que as equipes de diferentes departamentos das empresas pudessem passar um tempo em contato com a natureza. 

Nesse momento sabático, equipes não tão próximas, como, por exemplo, design, marketing e sourcing, teriam a possibilidade de “trocar ideias”.

Outra proposta, mais fácil de se colocar em prática, seria o “shadowing day”, um dia inteiro acompanhando um colega de outro departamento, vendo como trabalha, quais são as dificuldades e desafios que enfrenta no dia a dia.

Nesse momento um novo mundo se abre!

Ao desenvolvermos a empatia e liberarmos enormes doses de criatividade estamos prontos para o próximo passo: a pesquisa de materiais. 

É o momento de pesquisar, estudar e criar uma cadeia de fornecedores que compartilhe a mesma mentalidade.

Em visitas às feiras de tecidos e ao entrar em contato com produtores locais busca-se desenvolver novos materiais como fios, tecidos e aviamentos. 

É claro que esse novo olhar deve contemplar todo o processo produtivo, ir além da pesquisa de material, abrangendo desde o desenvolvimento de produto até a produção e, ainda, o serviço de pós-venda.  

O desafio é promover essa visão empática ao longo de toda a cadeia produtiva; criar uma supply chain que compartilhe as mesmas ideias, com parceiros dispostos a investir e colocar em prática essas ações. 

O design regenerativo e alguns exemplos inspiradores!

Carole Collet nos conta o exemplo de Fernando Laposse, um designer de interiores mexicano que tem investido na sua terra natal. 

Trabalhando há mais de dez anos para restaurar a biodiversidade, ele emprega a casca do milho na produção de peças de design cativantes.

Outros exemplos são o projeto do grupo Kering, que criou um fundo para regeneração da natureza (Regenerative Fund for Nature) e da Chanel (Chanel Mission 1.5o), ambos com objetivo investir na transição de uma agricultura “tradicional” para uma regenerativa e de baixo impacto.   

Também já são conhecidas as iniciativas de marcas como The North Face e Patagonia que propõem peças feitas em algodão regenerativo em suas coleções.

Vale lembrar, que a agricultura regenerativa atua sobre a premissa de melhorar ativamente o bem estar do solo, os ciclos da água, a biodiversidade, a saúde do ecossistema, os ciclos do carbono e a resiliência socioeconômica, como explica Felipe Vilella no seu ótimo artigo O que é Agricultura Regenerativa.

O design regenerativo é possível!

Chegou o momento de criar uma moda que leve em consideração o ecossistema e pense com empatia em todos os seres vivos. 

De fato, a busca por um design regenerativo torna evidente os nossos laços com todos e tudo que nos cerca e mantém nossa vida no planeta. 

Hoje, na indústria da moda não basta desenhar peças com design cativante, mas reconhecer que nossas criações estão inseridas em um contexto maior e que, como parte de nós, somos responsáveis por elas. 

Pode ser um grande passo, um verdadeiro desafio para nós os profissionais da modamas o design regenerativo na indústria é fundamental para a recuperação dos recursos naturais explorados pela ação do homem e a reintegração deste com os ciclos da natureza. 

Exige esforço, sem alguma dúvida, mas ao nos desafiarmos entramos num mundo criativo e complexo de infinitas possibilidades. 

E essa não é a moda que queremos ver?  

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