Slow life

Slow life: como viver uma vida mais feliz

O slow life caiu na minha vida de paraquedas! 

Estava morando em Londres fazia dois anos e trabalhava na pesquisa de tecidos para o desfile masculino da Burberry.  

Pode imaginar que eu trabalhava 14 horas por dia e ainda nos fins de semana? 

E quando não estava trabalhando, passava os fins de semana em Milão, vivia na ponte aérea, tentando manter uma relação à distância. 

Minha vida era tudo, menos tranquila!  

E o que começou, como uma necessidade de desacelerar diante do ritmo frenético que vivia, devagar e sempre foi conquistando espaço e tornou-se parte integrante da minha vida. 

Acelerados, quase perturbados!

Quem conhece os tempos da moda sabe que estamos sempre em constante movimento; mal começamos uma coleção já estamos pensando na próxima e naquela outra que vem logo em seguida. 

Quatro coleções por ano e prazos curtos e inadiáveis fazem o trabalho na moda acontecer num ritmo super acelerado e, se a gente deixar, verdadeiramente estressante! 

Não dá tempo para refletir sobre a necessidade de todo aquele esforço e a nossa contribuição para a sociedades e o meio ambiente.

Simples assim: será que essa nova peça de roupa vai acrescentar algo na vida das pessoas?

Certa vez uma chefe me disse uma coisa muito válida: 

“Perchè tutta questa fretta, non stiamo mica salvando vite!”  Por que toda essa pressa, não estamos salvando vidas!

E mesmo se tivéssemos, não seria melhor fazê-lo de modo consciente?  

Não é só na moda!

Claro que não é só na moda que os ritmos são frenéticos…

Estamos em plena revolução industrial – a indústria 4.0 – que está colocando tudo e todos num mundo online e acelerando os processos de trabalhos. 

É verdade que esse novo “normal” resolve um monte de problemas: nada de horas de espera, de longas filas e, o melhor, de questões insolúveis!

Aquela dúvida, resolvemos rapidinho no Google, aquela compra, fazemos em menos de dois minutos na Amazon e aquele vídeo no Youtube, nos dá a informação que precisamos de última hora.

Mas tudo isso, tantas facilidades, nos deixou mais exigentes, impacientes e intolerantes; queremos resolver tudo num segundo, de preferência para ontem! 

E se a conexão estiver ruim, a internet falhar ou a página estiver em manutenção, que inferno; adeus calma, tranquilidade e serenidade. 

Slow life na prática!

Eu consegui reduzir o stress vivendo o slow life no dia a dia.  

Entendi a importância de desacelerar física e mentalmente e parar de pensar no trabalho fora das horas de trabalho. 

Descobri um caminho:

1 – Viver mais no momento presente:

Pensar no futuro na maioria das vezes gera preocupação, ansiedade e stress; é pensar: e se isso acontecer? 

Claro que é bom avaliar os cenários, pensar estrategicamente nas opções, mas como não temos controle do que vai acontecer, resta planejar, executar da melhor forma possível e esperar o próximo passo, conscientes de que provavelmente teremos que replanejar muitas outras vezes.

Como consequência do prestar atenção no momento presente passei a ouvir com mais atenção as pessoas, o que mudou para melhor os meus relacionamentos pessoais e profissionais. 

2 – Praticar o consumo consciente: 

Se pensarmos bem, no nosso dia a dia, temos poucas necessidades, mas muitas carências.

Precisamos de menos do que desejamos, por assim dizer. 

Vejo isso na moda todos os dias, vivemos de criar desejos! 

O slow life nos convida a fazer escolhas concientes, comprar menos e melhor e escolher marcas engajadas com valores que compartilhamos.   

3 – Cuidar do corpo e da mente: 

Com a boa alimentação, a prática de atividade física e, sobretudo, as pausas em meio à natureza, eu vi a minha vida mudar. 

Passei a ter atenção e cuidado com tudo aquilo que deixava entrar na minha vida, os alimentos, as amizades e relacionamentos e, sobretudo, as ideias e pensamentos.

Mais simples do que você imagina!

Pensando sobre essa mudança na minha vida, me dei conta que tudo isso não é novo! 

Não é sem razão que faz parte da cultura italiana o “dolce fare niente” e da dinamarquesa o hygge, isso para falar de duas culturas que conheço muito bem. 

Vale lembrar também da filosofia budista e do mindfulness, que comprovam o benefício de respirar, de estar presente e da atenção plena. 

E ainda, se voltamos à Roma antiga, dos tempos de Horácio, temos o famoso “carpe diem”, desfrute o dia!

De fato, a adoção dessas atitudes faz a nossa vida mudar na direção da calma, paz e serenidade!  

Enfim, o slow life nada mais é que redescobrir o que muitos já sabiam: a importância de desacelerar, de contemplar a vida, vivenciando o momento presente, praticando o consumo consciente e cuidando do nosso corpo e mente.   

Com certeza, vale a reflexão… Por que estamos sempre em constante pressa?

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