A história de Roberto Cavalli

Roberto Cavalli: o rei do animalier e a sua história!

Saiba tudo sobre a vida e obra de Roberto Cavalli e como ele influenciou a moda internacional. 

Enquanto revisávamos este artigo sobre Roberto Cavalli, um dos 15 maiores estilistas no nosso ranking, recebemos a notícia de seu falecimento. 

Foi uma surpresa impactante, ainda mais porque fazia dias que estávamos mergulhados na vida do estilista. 

Deixamos assim marcado o nosso reconhecimento pela contribuição de Roberto Cavalli no mundo da moda! 

Roberto Cavalli foi mais do que um estilista; foi um visionário que redefiniu os padrões da moda internacional.

Então, sem mais demoras, continuando à nossa série sobre os 15 maiores, convidamos você a conhecer a vida e obra de Roberto Cavalli — uma história que vale a pena ser contada!

A obra extraordinária de Roberto Cavalli 

Roberto Cavalli nasceu em 15 de novembro de 1940, em Florença, na Itália, filho de Giorgio e Marcella Cavalli, uma família de artistas e, segundo alguns, com um toque boêmio. 

Sua criação o influenciou profundamente, especialmente sua mãe, que o ensinou a costurar. 

O talento artístico corria na família; seu avô, Giuseppe Rossi, era um célebre pintor impressionista, membro do movimento Macchiaioli, cujas obras estão expostas na Galleria degli Uffizi em Florença. 

Consta que, na infância, ele sofria de gagueira e, como diria mais tarde Colin McDowell, renomado crítico de moda e jornalista, ele foi curado por “uma onda de confiança e um fascínio recém-descoberto pelas meninas”. 

Cavalli estudou na Academia de Arte de Florença; no entanto, encontrou sua expressão artística ao aplicar tinta em tecidos de maneiras novas e inventivas, criando assim designs de roupas empolgantes.

Aos 20 anos, começou a fazer desenhos em camisetas e suéteres à mão; o passo seguinte foi aprender a estampar. 

Em entrevista a Lilian Pace, publicada no livro “Pelo mundo da moda”, ele relembrou que nessa época ia de Florença a Colônia, capital da estamparia, em um pequeno Fiat, para aprender a estampar. 

“Meu sonho, talvez por causa da minha família, era ser pintor. Escolhi, em um momento, a direção dos têxteis; dos têxteis fui para a moda”, contou Cavalli à Vogue. 

Ele dedicou-se a técnicas inovadoras de impressão em tecidos, criando estampas florais em malhas que conquistaram as principais fábricas italianas. 

Foi nos anos 1970 que a jornada de Cavalli na moda realmente começou, com uma invenção revolucionária: a estampa em couro! 

“Tive a ideia de imprimir em couro. Usei luvas de pele de um curtume francês e, quando comecei a estampar, vi que era possível fazer vestidos de noite em couro… em rosa, inacreditável”, contou o estilista, que, com isso, se tornou rapidamente uma celebridade na moda. 

Cavalli patenteou sua invenção, esse procedimento de impressão em couro, que foi rapidamente adotado por marcas como Hermès e Pierre Cardin e, mais tarde, mundialmente, pela indústria da moda.

Essa inovação levou à criação de cativantes patchworks usando diferentes materiais exibidos na sua coleção Patchwork em 1971.

Assim, o nome de Roberto Cavalli tornou-se sinônimo de processamento de couro fino; o uso característico do designer de pele de bezerro, tradicionalmente empregada no design de luvas, permitiu-lhe manipular peles de animais como se fossem seda, conforme registra o The Metropolitan Museum of Art em Nova York.

Mas voltemos à história de Cavalli.

Aos 32 anos, ele apresentou sua primeira coleção homônima no Salon for Prêt-à-Porter em Paris.

Seu estilo marcante incluía couros entalhados, brocados e estampas selvagens.

Seus designs brilharam nas passarelas da Sala Bianca do Palazzo Pitti, em Florença, em 1972, e depois na Milano Collezioni.

Esses eventos marcaram o início de sua carreira notável na indústria da moda.

Nesse mesmo ano, 1972, ele abriu sua primeira boutique em Saint-Tropez, prevendo o potencial da então vila de pescadores como destino turístico para a elite da moda.

Depois que foram publicadas fotos de Brigitte Bardot usando uma jaqueta estampada Cavalli em Saint-Tropez, uma apreciação pelo amor do estilista pela arte de rua se infundiu na alta moda dos anos 1970, e as roupas de Cavalli se tornaram um item básico do guarda-roupa de jovens europeus ricos, conforme registra The Met Museum em Nova Iorque.

Todavia, a rica estética que Roberto cunhou não se alinhava com aquela minimalista e desconstrutiva apresentada pela nova onda de estilistas japoneses e belgas em meados dos anos 1980 que continuaram nos anos seguintes. 

Como resultado, os negócios desaceleraram e Roberto concentrou-se na vida familiar. 

No final da década de 1980, a carreira de Cavalli entrou em uma nova fase emocionante; ele se destacou por sua visão artística inovadora aplicada à moda denim.

Em 1988, Cavalli apresentou ao mundo o primeiro jeans estampado, abrindo caminho para uma nova era de expressão e personalização no universo do denim.

Na coleção outono/inverno de 1994, em Milão, ele surpreendeu o público trazendo o jeans sandblasted na passarela. 

Vale lembrar que Jeans sandblasted é um termo usado na indústria da moda para descrever um método de acabamento do denim. 

O processo envolve o uso de jatos de areia de alta pressão para desgastar ou desbotar áreas específicas do tecido, criando um efeito de lavagem, com desgaste e aparência vintage do jeans.  

Em 1995, Cavalli deu mais um passo à frente ao colaborar com a Lycra para criar o stretch jeans, um material inovador que proporcionava maior conforto e liberdade de movimento.

Essas inovações na tecnologia têxtil consolidaram a posição de Roberto Cavalli como um visionário na indústria da moda, sempre buscando redefinir o denim e atender às necessidades e desejos dos consumidores.

O jeans foi um sucesso instantâneo, levando Roberto Cavalli a lançar uma linha dedicada, a Cavalli Jeans, que em 2000 foi rebatizada de Just Cavalli.

A Just Cavalli, focada em um público jovem e moderno, caracterizava-se por um estilo mais casual e acessível. 

Suas criações ganharam enorme popularidade e diversificaram o mercado de jeans. 

Combinando jeans com estampas selvagens e detalhes em couro, Cavalli transformou o denim em um elemento essencial e distintivo do seu estilo.

Mais do que peças de vestuário, Cavalli criava experiências sensoriais, convidando o público a entrar em um mundo de glamour, ousadia e sensualidade. 

Seus desfiles eram verdadeiros espetáculos, onde a música, a iluminação e a cenografia se uniam à moda para criar uma atmosfera única e inesquecível.

Ele era adorado por celebridades. Nos primeiros anos, Brigitte Bardot e Sophia Loren frequentavam sua loja em Saint-Tropez. 

Durante os anos 90 que sua estética chamativa e extravagante realmente ganhou destaque; personalidades como David e Victoria Beckham, Britney Spears e Jennifer Lopez que usavam suas criações.

Em 2004, Cavalli foi o patrocinador de uma mostra no Metropolitan Museum of Art em Nova York, chamada “WILD: Fashion Untamed”, descrita pelo museu como uma exibição da “fixação humana pelo animalismo refletida na moda”.

“Não é que eu ame usar animal print, eu gosto de tudo que é da natureza”, disse Roberto em 2011. “Comecei a apreciar que até os peixes têm um ‘vestido’ colorido fantástico, assim como a cobra e o tigre. Comecei a entender que Deus é realmente o melhor designer, então comecei a copiar Deus.”

Em junho de 2005, a Playboy, para sua primeira reformulação em 25 anos, chamou Cavalli para cria seus famosos trajes de coelho. 

“(Roberto) também abraça a boa vida, inspira um estilo de vida aspiracional para uma multidão de jet-set e, claro, celebra mulheres bonitas”, entusiasmou-se a CEO da Playboy à época, Christie Hefner.

O designer também colaborou com algumas das principais artistas da indústria musical. 

As Spice Girls ostentaram um guarda-roupa Cavalli sob medida em sua turnê mundial de 2007; Christina Aguilera e Jennifer Lopez brilharam com criações do estilista em diversos eventos ao longo dos anos 2000 e seguintes.

Em novembro de 2007, Cavalli lançou uma colaboração com a H&M. Na campanha publicitária, filmada por Terry Richardson, Cavalli perguntou: 

“Como posso perder a festa? Eu sou a festa”, disse antes de comemorar com as modelos Erin Wasson e Jessica Stam em sua mansão florentina. 

“A moda pode ser glamour e fantasia e, no seu melhor, pode até tornar a realidade um pouco mais divertida”, disse o diretor de marketing da H&M na época. “Usar as criações de Cavalli tem tudo a ver com isso.”  A coleção esgotou poucas horas após o lançamento.

Durante uma conferência na Universidade de Oxford em 2013, Cavalli compartilhou seu fascínio por estampas de animais, aplicadas desde jeans até vestidos de gala. 

“Sou um admirador da natureza. Os animais são as criaturas mais elegantes. Deus os criou com uma beleza inata. As mulheres se encantam por esses padrões, sentindo-se em harmonia com eles”, afirmou. 

Além das estampas ousadas e inovadoras – que incluem animais selvagens, motivos florais com cores vibrantes e paisagens abstratas em tons metálicos -, e do uso de materiais luxuosos como couro, seda, renda e peles, as criações de Cavalli eram femininas e sedutoras, com cortes que acentuavam as curvas do corpo, em uma paleta de cores vibrantes e chamativas. 

Seus vestidos longos com fendas, tops decotados e calças justas exaltavam a sensualidade da mulher, enquanto as estampas e os materiais luxuosos conferiam um toque de ousadia e sofisticação.

Conforme Terry Jones e Avril Mair contam no livro Fashion Now, a marca Roberto Cavalli se tornou uma das marcas preferidas da aristocracia do rock e hip hop devido ao seu fabuloso glamour de gueto e seu chic de playboy. 

Um visionário à frente de seu tempo, Cavalli desafiou convenções e estabeleceu novos padrões de luxo e glamour, sempre com uma ousadia inigualável.

Um excesso para muitos, digno do tapete vermelho para outros! 

O sucessor de Roberto Cavalli 

Aos 71 anos, o designer relutava em se aposentar, apesar de tudo o que havia conquistado em sua carreira.

“Bem, às vezes eu digo que estou completamente cansado…”, disse ele em 2011, “mas sinto muita responsabilidade com meus fãs: o que eles esperam de mim?”. “Eles esperam muito”, continuou Cavalli, “mas ao mesmo tempo a moda faz parte do meu DNA. Eu nunca poderia viver sem ela.”

Mas em outubro de 2016, Roberto Cavalli deixou a direção criativa da marca e escolheu o designer Peter Dundas para sucedê-lo.

Ele permaneceu como o único dono da empresa, que fundou em 1970, até o final de 2019, quando, aos 80 anos, a vendeu para o fundo de investimento italiano Clessidra SGR.

Esse fundo adquiriu a maioria das ações da empresa, mas logo depois o controle da marca mudou de mãos.  

Na época, Paul Surridge assumiu a direção criativa da Roberto Cavalli. Após sua saída no início de 2019, as coleções foram projetadas por uma equipe interna.

Em 2020, Fausto Puglisi foi escolhido como o novo diretor criativo da Roberto Cavalli; ele estreou sua primeira coleção para a marca em janeiro de 2021e permanece como diretor criativo da marca.

Polêmicas à parte

Roberto Cavalli se envolveu em algumas polêmicas.  

Em 2012, ele foi acusado de apropriação cultural por usar elementos de culturas diversas em suas coleções sem dar o devido crédito. Em 2015, gerou grande repercussão ao fazer comentários racistas e sexistas em entrevistas e redes sociais. Já em 2018, foi alvo de diversas acusações de assédio sexual por parte de modelos e funcionárias, que relataram ter sido vítimas de comentários inapropriados, toques indesejados e comportamento predatório. 

A vida pessoal de Cavalli também é intrigante 

Muitas vezes visto cercado por belas mulheres, o estilo de vida luxuoso de Roberto Cavalli poderia levar as pessoas a considerá-lo um “lotário italiano” arquetípico. No entanto, o estilista teve três relacionamentos duradouros ao longo de sua vida.

Roberto se casou com sua primeira esposa, Silvanella Giannoni, em 1964, e teve seus dois primeiros filhos, Tommaso e Cristiana.

“Conheci uma menina, a primeira menina que amei, e me casei com ela com o primeiro dinheiro que ganhei”, disse ele em 2011. “Fizemos amor pela primeira vez na noite em que nos casamos, depois de nos conhecermos por quatro anos, e tivemos minha primeira filha nove meses e dez dias depois!”

Após 10 anos de casamento, Silvanella e Roberto se divorciaram em 1974.

Em 1980, Roberto Cavalli se casou com Eva Düringer, Miss Áustria e vice-campeã do Miss Universo 1977, que ele conheceu quando foi jurado do concurso. Eva se tornou diretora criativa da coleção Roberto Cavalli e o casal trabalhou junto durante anos.

Segundo a Vogue, Eva esteve por trás da concepção de shows memoráveis, campanhas icônicas e festas inesquecíveis. Colecionadora de arte contemporânea e moderna, Eva Cavalli – eclética e de espírito livre – sempre foi citada como a “arma secreta” por trás do marido, Roberto.

Eles tiveram três filhos juntos – Rachele, Daniele e Robert – e viveram em Florença até o divórcio em 2010.

Desde 2014, Cavalli teve como sua parceira a modelo sueca Sandra Nilsson, com quem teve seu sexto filho, Giorgio, aos 82 anos, em março de 2023, em Florença, Itália.

Roberto Cavalli faleceu recentemente aos 83 anos, deixando um legado que vai além do mundo da moda. Uma parte crucial desse legado é sua família, que o acompanhou ao longo de sua vida e carreira de sucesso.

A família de Cavalli sempre esteve presente em sua vida, apoiando-o em seus empreendimentos e compartilhando sua paixão pela moda.

Um legado indelével

Embora a marca Roberto Cavalli seja frequentemente associada ao excesso, ela também guarda em si uma história de inovações singulares que deixaram uma marca indelével na história da moda.

As criações de Cavalli, com suas estampas animais ousadas, materiais luxuosos e cortes inovadores, o elevaram à condição de ícone atemporal.

Para Cavalli, a moda era mais do que apenas roupas; era uma forma de expressão individual, uma celebração da vida e da beleza. Seus designs convidavam as mulheres a se sentirem confiantes, livres e empoderadas, abraçando sua sensualidade natural sem medo de julgamentos.

Mais do que um estilista, Roberto Cavalli era uma figura vibrante, apaixonada pela vida e pela arte. Sua personalidade contagiante e sua visão única da moda o tornaram um dos designers mais influentes de sua geração.

Sua partida deixa um vazio no mundo da moda, mas suas criações continuam a inspirar gerações de designers e a conquistar os amantes da moda em todo o mundo.

O legado de Cavalli vive em cada peça que ele criou.

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