A história do intrecciato na moda

Bottega Veneta, a história do intrecciato!  

Nos últimos anos, a marca italiana Bottega Veneta tornou um verdadeiro ícone para inúmeras fashionistas. Convidamos você a desvendar os fascinantes capítulos dessa história cativante.

Fundada em 1966 por Michele Taddei e Renzo Zengiaro em Vicenza no Norte da Itália, a Bottega Veneta é mais do que uma marca de luxo; é um ateliê de excelência em artigos de couro. 

O nome Bottega significa ateliê ou oficina em italiano, e Veneto é a região onde a marca teve seu início na Itália.

O verdadeiro trunfo da Bottega Veneta é o intrecciato, uma técnica manual de trançar fitas de couro que se tornou a marca registrada da Maison desde 1975. 

Comparável à notoriedade do matelassê da Chanel, o método intrecciato é tão reconhecível quanto elegante.

Bottega Veneta, do intrecciato a ícone de luxo

A criação desse método inovador remonta aos anos 70, quando os fundadores, diante da competição com grandes fábricas italianas e limitações das máquinas locais, decidiram criar algo único. 

Usando máquinas mais adequadas para confecção de roupas do que para trabalhar com couro, eles conceberam o intrecciato, um entrelaçado de couro que conferia firmeza e durabilidade ao material.

Essa técnica não apenas solucionou desafios práticos, mas também elevou os produtos da Bottega Veneta ao status de luxo. 

A trama distinta, composta por fitas de couro macio, é tecida manualmente, geralmente por duas pessoas, seguindo um padrão diagonal preciso. Dois dias de trabalho meticuloso dão vida à magia do intrecciato.

Assim, essa não é apenas uma técnica, mas é uma expressão artesanal que destaca a sutileza e maestria dos artífices e estilistas da marca. 

Em uma campanha publicitária dos anos setenta, a Bottega Veneta criou um slogan emblemático: “Quando suas próprias iniciais são suficientes”. 

Isso encapsula a essência da marca, que opta por não ostentar logotipos evidentes. Seu nome aparece discretamente na parte interna do produto, evitando a ostentação.

Enquanto muitas casas de moda adotam iniciais entrelaçadas como logotipos, a Bottega Veneta se destaca como precursora do luxo discreto. Sua abordagem “sussurrada”, sem a necessidade de logos à vista de todos, transformou o couro tecido em seu próprio símbolo. 

Num mundo de C’s entrelaçados, F’s espelhados e G’s audaciosos, a Bottega Veneta destila luxo através da simplicidade, onde a elegância sutil é o verdadeiro distintivo de status.

O conceito de luxo para a Bottega Veneta é intrinsecamente ligado à matéria-prima impecável, ao processo artesanal cuidadoso, aos acabamentos refinados e às técnicas tradicionais. Valoriza a longevidade e a tradição, desafiando a concepção convencional de luxo, que muitas vezes se associa à ostentação e à logomania.

Lá pelos idos dos anos 70, após a saída do sócio Renzo Zengiaro, Michele Taddei passou a direção criativa para Laura Moltedo, a ex-esposa de Renzo. 

Laura, que se movia com grande desenvoltura na alta sociedade novaiorquina, desempenhou um papel crucial na consolidação da marca internacionalmente. 

Sua influência estendeu-se para além do mundo da moda, permitindo que uma clutch Bottega Veneta, de couro intrecciato se destacasse no figurino icônico de Lauren Hutton no filme “Gigolô Americano” (1980), uma produção que também contou com Richard Gere exibindo criações do então jovem estilista Giorgio Armani

Entretanto, na década seguinte, a marca enfrentou desafios significativos, chegando quase a decretar falência.

A era Tomas Maier e a expansão para o prêt-à-porter

Em 2001, a Bottega Veneta foi adquirida pelo grupo Gucci, agora parte do conglomerado de luxo Kering

O primeiro passo pós-aquisição foi a nomeação de um novo diretor criativo, o alemão Tomas Maier, proveniente da Hermès. 

Maier criou a icônica bolsa Cabat, uma shopper de duas alças com estrutura rígida, usando a técnica intrecciato de forma inovadora.

Em seguida, surgiu outro acessório querido, a clutch Knot, pequena e estruturada, com um fecho em formato de nó. Essa peça tornou-se uma sensação no tapete vermelho, sendo fotografada em inúmeras versões e cores. 

Um sucesso absoluto durante o auge dos blogs no fim da primeira década do milênio, a clutch Knot foi a preferida das celebridades, solidificando a posição da Bottega Veneta como uma força inovadora e eterna no mundo da moda.

No ano de 2005, a Bottega Veneta introduziu sua primeira coleção prêt-à-porter feminina, seguida pela versão masculina em 2006. 

O interessante é que essa incursão ousada na moda prêt-à-porter teve um começo pragmático. 

Tomas Maier, então diretor criativo, compartilhou que a decisão de expandir para o universo das roupas originou-se da necessidade de impulsionar as vendas dos cintos produzidos pela marca. 

Assim, a criação da primeira calça foi cuidadosamente planejada como um complemento aos acessórios, uma vez que Maier compreendia que um visual completo comunicava de maneira mais eficaz a essência da mulher Bottega Veneta: elegante, discreta, feminina, com uma paleta de neutros e um compromisso inabalável com a qualidade excepcional.

A revolução Daniel Lee e a “New Bottega”

Durante os 17 anos sob a liderança de Maier, a marca experimentou um crescimento considerável, mas permaneceu em um papel secundário no universo da moda. 

Embora respeitada pela tradição e qualidade, faltava um ingrediente especial, ousado, para se destacar verdadeiramente. A virada de jogo ocorreu em 2018 com a nomeação de Daniel Lee como diretor criativo.

Apesar de ser relativamente desconhecido até então, a entrada de Daniel Lee foi recebida com entusiasmo devido ao seu currículo impressionante. 

O britânico tinha passagens pelas Maison Margiela e Balenciaga, além de ter ocupado o cargo de diretor de prêt-à-porter na Celine durante a época da reverenciada Phoebe Philo.

Logo de início, conquistou fãs ávidos por um ponto de vista que equilibrasse o contemporâneo e o tradicional com emoção e personalidade. Sua visão para a Bottega Veneta foi apelidada de “New Bottega”. 

Ele estava determinado a romper com convenções, subverter padrões, sem depender apenas do heritage da marca. 

E conseguiu! Ele promoveu uma revolução que marcou a ascensão meteórica da Bottega Veneta, transformando-a em uma das marcas mais desejadas do mundo.

Com Daniel Lee, o intrecciato se renova, assume um traço contemporâneo, transformando-se em um item de culto. 

O couro migrou dos acessórios para invadir também os looks, enquanto a devoção pelo artesanal foi expressa por outros meios, como nos tricôs de acabamento impecáveis. 

Por fim, o repertório das peças foi ampliado com a criação de joias, além de adornos criativos para os calçados e bolsas, adicionando peso à marca e renovando formas. 

Mestre em reinvenção, Lee revolucionou o método intrecciato utilizando proporções, texturas e muita criatividade. Nas suas mãos, o trançado foi maximizado, acolchoado, virou roupas, enfeitou sapatos e surgiu em diversos materiais diferentes garantindo uma visão contemporânea e fresca à marca.

Porém, nada disso seria suficiente se Daniel não tivesse capacidade de criar acessórios irresistíveis. Afinal, calçados e bolsas representam a maior parte dos lucros das grandes marcas de moda e são fundamentais para garantir a sua relevância ao longo do tempo. 

Bottega Veneta e as reflexão sobre o futuro

Com o término do período de liderança de Daniel Lee no final de 2021 e a nomeação de Matthieu Blazy, surge naturalmente a indagação sobre o destino do intrecciato

A incerteza paira sobre se esse intricado entrelaçado continuará a ser objeto de culto, transformando as bolsas concebidas por Lee em itens de colecionador, ou se adotará, mais uma vez, uma nova identidade, possivelmente mais discreta e isolada, alinhada à filosofia característica da marca.

O que permanece imutável é o legado de inovação tecnológica e estética que sempre esteve em sintonia com uma visão nítida de artesanato, qualidade e, por conseguinte, autêntico luxo, discreto, da Bottega Veneta. 

Essa é uma filosofia que acredito nenhum diretor criativo ousaria desafiar.

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