moda sem marcas

Da logomania ao no brand: uma revolução silenciosa da moda!

A moda sem marcas ou no brand é uma das tendências que deve ganhar força no pós-pandemia. 

Pode-se dizer que não é simplesmente uma tendência, mas uma revolução silenciosa que está ocorrendo no mundo da moda.  

Hoje, quando encontramos de tudo online, a um clique de distância, luxo é possuir algo que nos rende singulares, como contamos no nosso post “Slow fashion, upcycling e o futuro da moda”.  

É a bolsa da minha bisa que guardo a sete chaves no meu guarda-roupa, o sapato de plataforma do estilista emergente para qual trabalhei em Milão, o jeans desbotado que encontrei no mercadinho em Camden Town quando morava em Londres… 

Preciosidades que me fazem sentir única!

Esse desejo vem junto com a busca por bem-estar, espiritualidade, altruísmo, preocupação com o meio ambiente; valores que deverão nortear o novo consumidor de moda no pós-pandemia.

Essa é uma mudança inimaginável há alguns anos, quando a logomania (verdadeiro “culto” da marca!) estava na ordem do dia.

Da logomania ao no brand: o que está provocando essa mudança?

Os entusiastas da moda das novas gerações – Millenials e GenZ- estão conduzindo essa transição, ao buscar a liberdade de expressão e o direito de serem eles mesmos.

Mas, para tanto, eles se depararam com um problema!

Como expressar essa singularidade, quando todos portam a mesma bolsa que levamos meses para comprar, ou chegam na reunião de trabalho com o vestido igual ao nosso!

Tudo bem…podemos dizer que temos “bom gosto”, mas na verdade aquela peça já não é mais tão desejável como antes!

Como resolver essa contradição?

Para esses novos consumidores, a solução foi óbvia: produtos no brand.

Para a indústria da moda, está posto o desafio: como atender ao desejo dessa fatia de mercado numa indústria tomada por padronização, logotipos, produção em escala (e tudo que significa!).  

De uns anos para cá, tenho observado no meu trabalho na moda o surgimento de novas marcas que têm questionado esse modelo de negócio hegemônico – no qual a logomania é estratégica-, oferecendo novas opções, como o upcycling e o made-to-measure.

No brand: o que desejam os entusiastas da moda sem marca?

Os consumidores de moda que desejam singularidade têm optado por produtos sem marca, que se tornam únicos, perfeitos para serem interpretados, modificados e combinados.

Próprios a um vestuário que reflete um estilo completamente pessoal!

Algumas marcas já estão oferecendo produtos sem logotipos e/ou opções de personalização, mas a moda no brand não é bem isso, aliás é bem mais que isso! 

Vamos reconstruir o caminho do consumidor da moda sem marca.

Ele se apropria de uma peça do vestuário não facilmente “disponível”. 

Se essa é de marca ou não, com logotipos à vista ou não, nova ou usada, feita à mão ou industrializada, na verdade, isso não importa.

Ou ele a obteve por meio de uma experiência única, ou ele a colocou do jeito dele!

No final, essa peça conta uma história como num filme, e ele é o protagonista vestido da sua própria criação!

Assim, vestir se torna uma experiência afetiva construída no tempo.  

Para solucionar essa contradição – ter um produto que expresse singularidade em meio à logomania vigente (com tudo que isso representa) – esse consumidor no brand assumiu um papel ativo na criação da sua própria moda. 

Ao encontrar e misturar roupas, escolher acessórios e cores, as novas gerações afirmam a disposição para experimentar o diferente, o que acaba por promover, implicitamente, a liberdade de expressão.

Assim, se os logotipos à vista eram uma forma de alimentar a autoestima, esses são cada vez mais postos de lado por esse segmento de consumidores no brand, que optam pelo oposto: produtos únicos, originais e personalizados.

Essa é uma mudança significativa no mundo e na indústria da moda. 

Logomania: será o fim do culto das marcas?

Você pode estar se perguntando se o no brand significa adeus à logomania na moda.

Não acredito que signifique o fim, claro, mas uma forte sinalização de mudanças à vista na indústria da moda.                         

As escolhas, preferências e valores dos consumidores sempre orientam os movimentos estratégicos do mercado, e agora não vai ser diferente. 

Na verdade, a logomania é uma tendência que vem e vai há anos, sempre capaz de dividir os consumidores. 

Tem quem a considere cafona e, mesmo, rude, com os logotipos estampados nas peças gritando claramente a Maison de onde vêm.

Para os adeptos a logomania significa obter as qualidades que a marca promete, mostrar seu amor pela marca e o que ela simboliza e ainda, quem sabe, exibir status social. 

Confira o vídeo da Vogue que mostra de forma inusitada a logomania no mundo das it bags.

Embora o uso de logotipos seja uma prática antiga, a logomania nasceu na década de 80 com a “explosão” da moda fitness.  

Quem nunca parou para admirar os logotipos garrafais numa camiseta da Nike, num moleton da Adidas ou numa bolsa esportiva da Puma?

Com os “yuppies”, jovens americanos orientados à carreira, que tiveram seu auge no fim dos anos 80, os logotipos se tornaram um verdadeiro símbolo de status social. 

Nesse período, graças à logomania, marcas como Calvin Klein, Chanel e Louis Vuitton receberam uma enorme publicidade gratuita, que trouxe consigo significativos lucros; muitas cresceram tanto que viraram verdadeiros conglomerados de moda.

Mas só foi no início da década seguinte que a logomania veio com força total, especialmente graças ao mundo do streetwear, fundindo-se com outros movimentos e tendências, e reinterpretada por marcas dos mais diversos níveis da moda.   

É claro que com o tempo quase todas as marcas mudaram, modularam e evoluíram seus logotipos, tornando-os menores, mais delicados, menos invasivos, mas esses continuaram onipresentes nas coleções de moda. 

O curioso é que a indústria da moda, ao tornar os logotipos mais “clean” e menos “invasivos”, banalizou-os, exatamente o oposto do que o novo consumidor deseja. 

No brand na moda: é novo luxo?   

Indiscutível que os grandes nomes da moda, com suas marcas estampadas em seus produtos, detêm consideráveis fatias de mercado e vão continuar hegemônicos. 

Mas a moda sem marca, na verdade, não é o contrário da logomania, é só diferente!

A peça de vestuário “afetiva”, que traz memórias de momentos inesquecíveis, viagens ou experiências, significa o oposto daquela “pasteurizada” disponíveis a um clique.  

Antes mesmo da pandemia, os novos consumidores entusiastas desse tipo de moda, sobretudo os Millenials e da GenZ, já apontavam para o desejo de uma roupa que refletisse sua ética e seus valores.  

Com o susto da pandemia, valores como o bem-estar, espiritualidade, altruísmo, sustentabilidade foram reforçados, indo ao encontro do que pensam essas gerações mais novas. 

E a moda sem marca, singular, também traduz uma necessidade de ter mais domínio sobre nossas vidas num mundo que nos foge ao controle: pandemia, desemprego, destruição do meio ambiente!  

Talvez tudo isso junto explique esse movimento para uma moda no brand, no qual importa mais o caminho para se obter o objeto de desejo e o prazer de tê-lo encontrado, que a marca por si só.   

E isso não é o verdadeiro luxo? 

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