Suas coleções de moda começam cheias de ideias, mas perdem força no caminho? Você pode estar cometendo um erro comum — e é possível corrigir!
Comecei minha carreira há 13 anos na Versace. Desde então, trabalhei em empresas de diferentes portes — maiores e menores, algumas mais estruturadas e outras nem tanto. Algumas funcionavam com fluidez; outras, enfrentavam mais desafios.
Ao longo desses anos, aprendi muito observando (e trabalhando!) nos bastidores da criação de coleções de moda, e identifiquei os erros mais frequentes que prejudicam o desempenho de muitas marcas — é justamente isso que divido com você aqui, de forma prática e direta.
Descubra os erros que comprometem o sucesso de coleções de moda.
1. Criar coleções de moda apenas com base na intuição, sem planejamento!
Nenhuma marca de sucesso se sustenta apenas na inspiração.
Ter um estilo autoral é essencial — e sempre reforço isso nas minhas consultorias.
Mas a estética, sozinha, não é suficiente para manter um negócio de pé.
Valentino é, para mim, um dos exemplos mais clássicos de como a moda alcança seu auge quando criatividade encontra visão de negócio. Seu talento como designer foi essencial, mas foi a parceria com Giancarlo Giammetti que trouxe estratégia e gestão, consolidando a marca com grande sucesso.
Criar sem planejamento — sem calendário, sem definição de posicionamento de preço e um mix de produtos bem estruturado — é como construir sem alicerces: o risco de tudo desmoronar é grande.
Uma coleção precisa nascer com uma intenção clara: para quem ela é, quando será lançada, qual seu propósito e com quais recursos.
Sem essas respostas, a criação perde a direção — e o negócio, a força.
2. Não entender o seu público-alvo!
Já trabalhei com muitos empreendedores e criadores que desenvolvem suas coleções com base no próprio gosto — mas se esquecem de analisar o comportamento, os desejos e os valores do cliente ideal.
Entender seu nicho é fundamental!
Uma coleção não precisa agradar a todos, mas sim ser assertiva para um público específico — saber acessar o imaginário da sua persona é o que faz a diferença.
Você conhece o conceito de persona no marketing?
É um conceito simples, criado por Alan Cooper, um desenvolvedor de software, que é amplamente utilizado no marketing digital.
A ideia é imaginar uma pessoa real — com dificuldades, desejos, hábitos e interesses — e usá-la como referência para guiar todas as decisões de comunicação, produto e estratégia da marca. Essa persona representa o cliente ideal, e entender profundamente quem ela é permite criar mensagens mais eficazes, relevantes e humanas.
E o conceito dos 12 arquétipos?
Nas minhas consultorias, aplico o conceito dos 12 arquétipos, sistematizados por Carol S. Pearson com base na teoria do psiquiatra Carl Jung, para construir marcas que criam conexões profundas e duradouras.
Esses arquétipos representam padrões universais de comportamento e motivação humana, ajudando a definir o tom de voz, a estética e a personalidade da marca, facilitando a conexão emocional com o público.
Quando combinados com a persona, eles criam uma base estratégica poderosa para criar desenvolver marcas autênticas e memoráveis.
3. Seguir tendências de forma indiferenciada ao criar as suas coleções de moda!
Tendências são fonte de inspiração — e não regras a serem seguidas à risca.
No nosso observatório de tendências, estudamos não apenas o que está em alta e como essas tendências se formam, mas, principalmente, como selecionar aquilo que faz sentido para o DNA da sua marca.
O objetivo é transformar informações em criação autêntica, e não simplesmente em mais do mesmo.
Afinal, copiar o que está em alta, sem uma adaptação cuidadosa à identidade da marca e ao contexto em que ela está inserida — como, por exemplo, que as brasileiras são diferentes das dinamarquesas, não apenas por viverem em um país de clima tropical, mas também em termos de altura e tipo de corpo — resulta em coleções que acabam parecendo todas iguais e, por isso, perdem força junto ao público.
4. Criar peças lindas, mas descoordenadas!
Estética sem coerência é um erro comum — e compromete toda a leitura da coleção.
Sempre digo: os compradores que visitam seu showroom, bem como os clientes que entram na sua loja, percebem a coleção na totalidade.
Quando encontram uma variedade excessiva de modelos, tecidos muito distintos entre si e tonalidades tão próximas que suas diferenças são quase imperceptíveis, o resultado é confusão — e, muitas vezes, baixa conversão em vendas.
Uma coleção precisa ter um storytelling, unidade visual, coerência funcional e uma narrativa clara e coesa. Isso não significa ser repetitiva, mas sim manter uma direção na qual as peças se complementam e fazem sentido juntas.
5. Negligenciar os aspectos técnicos e comerciais nas suas coleções de moda!
Moda também é produto.
Não considerar qualquer um desses aspectos — custos, grade de produtos, logística, modelagem e precificação — pode fazer uma coleção de moda fracassar, mesmo que ela esteja visualmente incrível.
A criatividade precisa caminhar junto com a viabilidade.
Sem planejamento e estrutura, o belo pode se tornar inviável, o desejável pode passar despercebido e o funcional pode se tornar ineficaz.
Ao criar uma coleção, é fundamental garantir que a estética esteja aliada à execução prática e comercial. A visão artística precisa ser sustentada por uma base sólida de estratégia, viabilidade e adaptabilidade ao mercado.
Você já refletiu sobre como integrar esses aspectos ao seu processo criativo? Evitar esses erros pode ser o diferencial entre uma coleção memorável e uma oportunidade perdida.