Você já ouviu falar de Helena Rubinstein e o “Circuito da Beleza”?
Durante grande parte do século XX, o mercado global de moda, beleza e luxo esteve concentrado em cidades como Paris, Londres, Nova York e Milão, que formavam o que era conhecido como o “circuito da beleza”.
O termo era associado à visionária empreendedora Helena Rubinstein, pioneira na indústria de cosméticos, que reconheceu a importância estratégica dessas capitais como centros de tendências e mercados-chave.
Helena Rubinstein fundou sua primeira loja em 1902, em Melbourne, e expandiu suas operações para Londres, Paris e Nova York, onde revolucionou a indústria com seus produtos de cuidados com a pele, como cremes que ajudaram a popularizar a ideia de produtos anti-idade.
Ela também inovou com suas estratégias de marketing, tornando-se uma das mulheres mais ricas e influentes do início do século XX. Sua visão transformou sua marca em sinônimo de luxo e inovação, ajudando a consolidar essas cidades como vitrines de tendências estratégicas.
Na época, Paris era o coração da alta-costura, Nova York representava modernidade e negócios, Londres irradiava juventude e inovação, e Milão traduzia o refinamento do design italiano. Juntas, essas cidades formavam o eixo central da moda e do luxo no mundo ocidental.
Embora o termo “circuito da beleza” tenha caído em desuso, ele ainda permanece como um marco histórico que reflete a centralização da moda no século XX.
Com o tempo, a globalização e o crescimento de novos mercados transformaram esse cenário.
Assim, cidades fora desse circuito, como Antuérpia, Tóquio, Copenhague, Los Angeles, Xangai e Seul, começaram a emergir como novos polos criativos, trazendo estéticas próprias e desafiando os centros tradicionais.
Além disso, cidades como Copenhague, que tive a oportunidade de acompanhar de perto por conta do meu trabalho, estão ganhando cada vez mais destaque como centros de moda contemporânea fora do circuito tradicional.
Conhecida por sua abordagem inovadora e sustentável, Copenhague abriga marcas minimalistas e de design clean, como Ganni, que conquistou reconhecimento internacional com seu estilo divertido, e Samsøe Samsøe, com seu design urbano e sofisticado. Estilistas como Stine Goya, Henrik Vibskov e Søren Le Schmidt também têm se destacado na cena dinamarquesa, combinando formas sofisticadas, estilo minimalista e uma forte preocupação ambiental.
Mas devemos reconhecer que, apesar da ascensão desses novos polos e centros criativos, as capitais clássicas ainda permanecem como referência, influenciando as grandes decisões da moda mundial.
A persistente influência das capitais clássicas da moda pode ser atribuída a diversos fatores, entre eles o poder econômico e a infraestrutura.
Essas cidades concentram as maiores marcas de luxo, agências de modelos, estilistas renomados e veículos de comunicação especializados. Além disso, possuem uma infraestrutura robusta para a produção e distribuição de moda, com fábricas, ateliês e centros logísticos de alta qualidade.
Essa concentração de recursos e expertise garante que essas cidades continuem a ser o centro das decisões estratégicas da indústria.
O prestígio associado às capitais clássicas da moda é outro fator que contribui para sua influência duradoura. Desfilar em Paris, por exemplo, é o sonho de muitos designers, pois representa o reconhecimento pela indústria e o acesso a um público global.
As marcas de luxo, por sua vez, se valem da associação com essas cidades para reforçar sua imagem de exclusividade e sofisticação. O desejo de pertencer a esse universo de glamour e tradição mantém as capitais clássicas como referências incontestáveis.
Assim, apesar do surgimento de novos polos e centros criativos da moda contemporânea, as capitais clássicas como Paris, Milão, Londres e Nova York continuam a exercer uma influência inigualável sobre a indústria. Seus ricos históricos, infraestruturas consolidadas e a presença de grandes casas de moda, com décadas de experiência e expertise, conferem a essas cidades um status quase mítico no universo da moda.
A Semana de Moda de Paris, por exemplo, continua sendo o evento mais aguardado do calendário internacional, ditando tendências e definindo o que é considerado luxo.
Você concorda?