A história de Marni

Marni sob Francesco Risso: uma história de moda!

Saiba tudo sobre a história da Marni e a direção criativa da empresa sob comando de Francesco Risso.

Quando li o artigo sobre os trinta anos da Marni, a marca de moda milanesa fundada por Consuelo e pelo seu marido Gianni Castiglioni, muitas lembranças vieram à minha mente. 

A Marni foi a segunda empresa para a qual trabalhei em Milão.

Entre pilhas de tecidos e longas horas no escritório, foi também onde aprendi quais são os diferentes tipos de estampas, a diferença entre uma seda habotai e um crepe de chine, e tenho uma das melhores lembranças da minha carreira.

Lembro-me do estilista da linha feminina, um coreano talentoso, que encontrei novamente anos mais tarde na Burberry. Ele vinha com frequência na minha sala na Marni para procurar entre inúmeros rolos de tecidos aquele que se encaixasse perfeitamente em sua ideia para a nova coleção. 

Uma experiência e tanto, diria… Lá contávamos com um ateliê, e todos os protótipos eram realizados naquele prédio de poucos andares em um bairro afastado do centro de Milão.     

A empresa mudou bastante com a chegada de um novo diretor criativo, Francesco Risso, que levou a marca em uma nova direção, mas sem perder a essência, é claro!

Então, sem mais demoras, convido vocês para conhecerem a história da Marni. 

Uma jornada criativa na história da marca!

A Marni foi fundada em 1994 por Consuelo Castiglioni, estilista que nasceu em Lugano, na Suíça, em 1959, e estudou na Polimoda, em Florença. 

Ela transformou a atividade da família do seu marido, uma fábrica de peles, numa marca de moda contemporânea, oferecendo peças que iam além dessas.

Consuelo Castiglioni pensou em coleções para serem usadas embaixo dos casacos de peles, e sua linha de roupas recebeu o nome de Marni em homenagem à sua irmã.

Rapidamente, a marca chama a atenção do mundo da moda. Nos anos 2000, tamanha é a fama que a empresa cresce e se expande para além do mercado italiano, conquistando o mundo. 

Mas qual era o segredo de Consuelo?

As suas coleções eram marcadas por estampas, formas e tecidos de inspiração vintage.

Outro traço distintivo era sua abordagem experimental, que incluía o uso inovador de materiais e texturas, combinações de cores ousadas e inesperadas, silhuetas fluidas e assimétricas, além da atenção aos detalhes e acabamento impecável.

A estilista esteve na direção criativa da marca por mais de 20 anos. 

Em 2013, o controle majoritário da empresa foi adquirido pelo grupo OTB, de Renzo Rosso, que também detém outras marcas renomadas como Diesel, Viktor & Rolf e Maison Margiela. 

Dois anos depois, o grupo assumiu o controle total da Marni.

Em 2016 veio a primeira reviravolta: Consuelo saiu da direção criativa e Francesco Risso assumiu a tão cobiçada posição na empresa.

Ele manteve a essência da Marni, mas também injetou uma energia jovem e contemporânea em suas criações, incorporando elementos de streetwear e sportswear.

Os produtos icônicos da marca! 

Durante os anos que trabalhei na Marni, de 2014 até 2016, antes da saída de Consuelo, notei que as pessoas na empresa se vestiam de forma singular, com peças da marca, e que chamavam enorme atenção nas ruas. 

Isso se deve a algumas peças icônicas criadas por Consuelo, como a emblemática bolsa Trunk, lançada em 2013, que se destaca por seu design estruturado e detalhes em couro texturizado. A bolsa é famosa por seus compartimentos internos espaçosos e alças ajustáveis, que garantem praticidade e conforto no dia a dia.

Outra peça icônica que via minhas colegas usando na empresa eram os sapatos Fussbett, que se tornaram itens famosos da Marni. Eles são conhecidos por sua sola grossa e confortável, combinada com tiras de couro, além do ar super descolado!

Elas também usavam os colares da Marni, que adicionavam ousadia ao guarda-roupa. Usualmente, com correntes grossas e pingentes grandes, criando um visual impactante. 

Nessa época, a a empresa também contou com algumas colaborações que fizeram história.

Em 2012, antes de começar a trabalhar na Marni, quando ainda era estagiária na Versace, lembro-me das filas quilométricas em frente as lojas da H&M em Milão, uma das colaborações de maior sucesso da Marni. 

A marca também é conhecida por seu apoio à arte contemporânea. 

A Marni já colaborou com diversos artistas renomados, como Francesco Jodice, na criação de instalações artísticas em lojas e eventos. Essas iniciativas demonstram o apreço da marca pelo universo das artes e a valorização da criatividade.

Da Prada à Marni: a trajetória de Francesco Risso!  

Com a saída de Consuelo em 2016, Francesco Risso assumiu a direção criativa da marca. A estreia do estilista aconteceu na coleção de outono/inverno 2017 da linha masculina.

O sucesso do trabalho de Risso não se deu por acaso, afinal ele aprendeu com uma grande professora, Miuccia Prada, com quem trabalhou durante mais de dez anos. 

Você não precisa saber que jaquetas estão na moda para fazer uma jaqueta que seja realmente bonita. Não comecei assim quando aprendi a trabalhar para os grandes que ainda têm um valor considerável no setor. O objetivo era fazer a jaqueta mais bonita que fosse usada, com um bom caimento, com bom tecido. Os números são bons, mas não devem ignorar o talento por trás da criação de uma série de objetos de guarda-roupa que depois distinguem uma marca de outra, sua identidade de outra”, afirma Francesco Risso. 

O estilista conta que em cada coleção busca a verdadeira essência da Marni. 

“Acredito muito no equilíbrio”, afirma o estilista. 

Ele defende o equilíbrio entre criatividade e realidade. 

Uma das suas maiores paixões quando trabalhou para a Prada era conciliar a ênfase criativa com o desejo de ver suas roupas usadas por pessoas na rua. 

Por mais que Risso crie peças exclusivas completamente pintadas à mão, feitas para artistas, como Björk e outros com quem colabora, ele conta que sua maior satisfação é ver uma pessoa vestida com uma de suas peças na rua, movendo-se de uma certa maneira, exatamente como ele pensava no momento da criação da peça.

Às vezes, as texturas nos trazem muita curiosidade. Um dos nossos maiores sucessos é um suéter que, quando você o coloca, você quer se jogar pela janela por causa de como ele arranha e coça. E, no entanto, é um dos nossos pilares, é um dos nossos uniformes.”

Detalhe, esse suéter, chamado de Mohair Fuzzy Wuzzy, se tornou a assinatura estilística de Francesco Risso. 

O que é, de certa forma, um paradoxo, já que se trata de uma peça listrada e peluda. 

Como diria o próprio Risso, “às vezes essas curiosidades fazem parte dos nossos maiores sucessos”.

O que mais admirava em Consuelo era, sem dúvida, a paixão, o talento e a liberdade que transbordavam em seu trabalho. E tenho certeza de que Consuelo e Risso compartilham essa mesma essência!

O estilista conta que, no seu primeiro dia de trabalho na Prada, disse à Miuccia: “Estou aqui enquanto estiver me divertindo”. 

Ele não fala de diversão por si só, mas sim da uma sensação de prazer ao aplicar seus talentos. 

Em mais de dez anos na Prada, ele diz que gostou do primeiro ao último dia. 

Risso lembra-se de ter rido com a Miuccia ao falar sobre isso: “Se eu me divertir, tudo bem, senão eu vou fazer outra coisa”. 

Para ele, essa é a regra número um. 

Francesco Risso e suas coleções icônicas!  

Nas suas coleções, Risso mostra a sua habilidade em misturar estampas, padronagens e texturas, além de talento na alfaiataria. 

“A Consuelo sempre tentou libertar homens e mulheres de estereótipos. Ela criou mulheres muito inspiradoras”, explicou o designer.

De fato, a Marni é feita para mulheres que não temem ousar, como Anna Dello Russo, editora da Vogue Japão, que incorpora peças da marca em seus looks, como casacos de ombros arredondados com estampas vibrantes, e vestidos com padronagens variadas e cortes assimétricos.  

Na verdade, no universo da marca nada é menos; das bolsas Marni às suas sandálias, tudo conta com um detalhe de impacto: uma alça de macramê amarela ou pelos macios brotando da palmilha de uma papete.

É um estilo italiano, sim, mas que preza pelo teatral, com roupas que transcendem a mera funcionalidade, que não são apenas roupas! 

“Somos mais do que apenas moda, estamos abertos ao mundo e queremos que as pessoas experimentem isso”, costumava dizer Consuelo sobre a marca que criou. 

Outro traço forte da Marni é um apreço pelo estilo vintage em meio a atmosfera contemporânea: um paradoxo que só grandes estilistas conseguem alcançar. 

Uma das minhas coleções preferidas é a da primavera 2018, na qual Francesco Risso dá uma aula de história da moda do século 20: os vestidos cocktail do pós-guerra estão lá, redesenhados, assim como joias de pérolas, kitten heels e casacos que poderiam ser de nossas avós. 

A crítica de moda Sally Singer, capturando, a meu ver, essa essência da marca assim resumiu: “Pense em todas as grandes proporções e na estranheza artística e sexy da Marni, com aquelas roupas que as meninas cools adoram”.  

Se você vir, portanto, mulheres usando meias com sandálias plataformas, bolsas coloridas e silhuetas amplas, a chance de elas estarem vestindo Marni é grande. 

Alguns dos trabalhos mais recentes de Risso incluem a coleção outono-inverno 2024, que celebrou os 30 anos da Marni com um desfile distópico em uma caverna branca feita de papel machê. 

Com certeza, a Marni é reconhecida no mundo da moda por suas criações inovadoras, ousadas e exclusivas, mas também dá para aderir a esse estilo de vanguarda em pequenas doses. 

Um bom começo é investir em um dos tênis Marni; coloridos e ultrafashion, eles atualizam até uma saia lápis. 

No inverno, experimente um casaco de pelos colorido, usado com um vestido de estampa geométrica.

Aliás, o mix entre peças mais luxuosas e outras esportivas é a cara dessa moda italiana de vanguarda, que a marca Marni representa tão bem.

Francesco Risso, Marni e o futuro da marca!  

Este ano, a Marni completou trinta anos, e confesso que, para mim, é difícil acreditar o quanto mudou desde os meus tempos na empresa! 

Mas a marca continua contando com um talentoso diretor criativo, que conseguiu manter seu caráter de vanguarda, conferindo-lhe um ar jovem e contemporâneo.

De Consuelo a Francesco, notamos que existem elementos em comum: paixão, talento e, acima de tudo, liberdade na criação das coleções de moda. 

E, na minha opinião, é isso que torna a marca tão desejada nos dias de hoje.

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