Ativismo na moda

GenZ: a nova cara da moda e do ativismo

Enquanto preparava as aulas do nosso observatório de moda, me deparei com uma reflexão interessante: a Geração Z e o ativismo social.

Muito se fala sobre essa geração que está ingressando no mercado de trabalho. 

Se, em um passado recente, os millennials estavam no centro das atenções, atualmente, a Gen Z ocupa uma posição de destaque nas discussões no mundo da moda.

Paralelamente, observa-se que, nas redes sociais, especialmente no Instagram, perfis influentes abordam temas cada vez engajados com pautas sociais alinhado com as expectativas dessa geração. 

Mas o que isso revela?

A Geração Z valoriza a expressão autêntica, a inclusão e a sustentabilidade, usando as redes sociais como principal plataforma de ativismo.

Nesse cenário, o “ser diferente” é celebrado, e a moda se torna uma ferramenta de comunicação e transformação social.

Crescendo em um mundo hiperconectado, essa geração entrelaça moda, comportamento e questões sociais, pressionando marcas a adotarem posturas alinhadas aos seus valores.

Seu engajamento digital não apenas redefine o consumo, mas também indica os rumos futuros da indústria da moda.

Vale lembrar que a escolha estética sempre traz um posicionamento, seja ele intencional ou não, e mesmo as escolhas estéticas mais básicas e aparentemente neutras carregam consigo posicionamentos implícitos.

Assim, as marcas que desejam dialogar com esse novo público devem levar em conta que, para a Gen Z, o ato de vestir-se traduz, em sua escolha estética, um posicionamento social.

A moda como discurso?

Na moda, a ideia de estilistas que incorporam discursos sociais em suas criações não é novidade. Vivienne Westwood, Stella McCartney e Maria Grazia Chiuri são exemplos disso.

Um exemplo marcante foi a estreia de Maria Grazia Chiuri na Dior, que redefiniu a identidade da maison ao unir moda e ativismo.

Na coleção Primavera/Verão 2017 da Dior, apresentada em setembro de 2016, em Paris, que marcou o início da direção criativa de Chiuri, ela traçou um caminho ousado, incorporando à estética da marca um forte discurso social.

O look de abertura do desfile já anunciava essa nova perspectiva: uma jaqueta de esgrima branca em matelassê e shorts esportivos, usados pela modelo Ruth Bell, com cabelos curtos e despojados. Uma escolha inesperada para quem esperava uma estreia clássica e romântica. Para Chiuri, a esgrima simboliza a fusão entre mente e coração, um equilíbrio essencial para a emancipação feminina.

Essa coleção ficou famosa pelo look com a camiseta estampada com a frase “We Should All Be Feminists” (“Todos deveríamos ser feministas”), inspirada no livro da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Ao incluir essa camiseta na coleção, Chiuri trouxe uma mensagem política e social para a passarela, reforçando seu compromisso com a valorização das mulheres dentro e fora da moda. 

O look rapidamente viralizou e se tornou um símbolo de empoderamento feminino. A presença do slogan na passarela não foi apenas uma estratégia de impacto visual, mas um reflexo de um novo momento da moda: aqueles em que roupas comunicam ideias, estimulam diálogos e ecoam as transformações da sociedade.

Detalhe: Chimamanda Ngozi Adichie assistiu ao primeiro desfile de Chiuri para a Dior na primeira fila. Uma palestra dela de mesmo nome – “We Should All Be Feminists” no TEDX viralizou em 2013.

Seu impacto foi tão grande que, em 2014, a palestra foi transformada em um livro com o mesmo título. Trechos do discurso também foram incluídos na música “Flawless”, de Beyoncé, o que ajudou a popularizar ainda mais a mensagem.

O ativismo na moda e o futuro da indústria?

Na moda, até mesmo as escolhas estéticas mais básicas e aparentemente neutras carregam posicionamentos implícitos. Afinal, ainda que o objetivo de uma escolha estética seja meramente visual ou artístico, ela envolve um processo de seleção e exclusão de certos elementos, cores, formas ou conceitos, os quais podem remeter a ideologias, comportamentos e identidades.

Sob a direção criativa de Maria Grazia Chiuri, a Dior não apenas incorporou um discurso feminista poderoso ao universo do luxo, mas reafirmou a moda como ferramenta de questionamento e mudança social.

Essa visão da moda como um espaço de expressão e transformação social vem ganhando cada vez mais destaque e está alinhada a um fenômeno mais amplo: o crescente ativismo da Geração Z e seu impacto na indústria.

Assim, o engajamento da moda não apenas reflete o espírito do tempo, mas também antecipa as transformações que moldarão o futuro.

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