Entenda como a série da Netflix Emily em Paris influencia a nossa percepção do luxo e molda os nossos desejos de consumo.
Será que as passarelas ditam as tendências ou são as séries que, realmente, influenciam o nosso guarda-roupa?
Na verdade, essa é uma falsa dicotomia!
A ideia de que apenas as passarelas ditam as tendências é ultrapassada como comentamos no nosso Observatório de Moda.
A moda contemporânea é um mosaico de influências, um universo complexo e diversificado, influenciado por muitas fontes!
Cada uma dessas fontes contribui para moldar o que vestimos, criando um universo de inspirações infinitas.
E as séries são peças importantes desse quebra-cabeça: não são apenas um reflexo da moda, mas também um dos seus maiores influenciadores.
Um estudo da Lyst mostra que a série Emily em Paris tem um poder incrível de moldar o nosso desejo por peças como cardigãs Jacquemus, bolsas de pele Ganni e chapéus de marinheiro.
A influência de Emily em Paris na indústria da moda é inegável.
A quarta temporada, com parte de sua ambientação em Roma, consolidou a série como um verdadeiro influenciador de estilo, impulsionando as vendas de marcas como Baccarat e Boucheron.
Apesar de ser fictícia, a Agence Grateau, de Emily em Paris, exerce um impacto real nas marcas. A série impulsiona significativamente a visibilidade e o desejo de consumo dos produtos que aparecem na tela.
“O público global do programa, composto por millennials, geração Z, entusiastas da moda e consumidores preocupados com o estilo, é fascinado por sua estética luxuosa e reconhecível”, comenta Alex Caceres, gerente de marketing da Metricool, ferramenta de análise e planejamento de mídias sociais.
A quarta temporada de Emily em Paris trouxe uma novidade fashion para os telespectadores: a personagem Mindy Chen, interpretada por Ashley Park, precisou vender um vestido de alta costura para superar um desafio financeiro.
Para isso, ela recorreu a uma loja fictícia inspirada na plataforma de luxo de segunda mão, Vestiaire Collective.
A escolha não foi por acaso: a figurinista da série, Marylin Fitoussi, é uma grande fã da Vestiaire e utiliza frequentemente suas peças para criar os looks icônicos de Emily e suas amigas.
A parceria entre a série e a plataforma foi tão natural quanto os próprios looks de Emily.
Essa iniciativa faz parte da estratégia da Vestiaire Collective para fortalecer sua presença no mercado americano, que já representa uma fatia significativa de suas vendas.
O Vestiaire Collective foi a marca mais beneficiada pela visibilidade em Emily em Paris, conquistando mais de 22 mil novos seguidores nas redes sociais e impulsionando as buscas no Google nos EUA após o lançamento da quarta temporada.
Lançada em 2020, a primeira temporada conquistou 58 milhões de espectadores em todo o mundo, consolidando a série como um dos maiores hits da Netflix, conforme a Variety.
A segunda temporada, lançada em 2022, superou todas as expectativas e se tornou o programa mais assistido da plataforma naquele ano.
A quarta temporada, lançada em agosto de 2023, manteve o sucesso da série, liderando as paradas globais de TV com 19,9 milhões de visualizações nos primeiros quatro dias.
Essa popularidade massiva explica o interesse crescente de marcas em se associar à personagem de Lily Collins, Emily Cooper, e aproveitar a visibilidade da série para alcançar um público global.
Além disso, a série gerou um verdadeiro fenômeno nas redes sociais, com a criação de dezenas de contas de fãs dedicadas a analisar cada detalhe dos looks de Emily, como @EmilyInParisOutfits no Instagram, que já conta com mais de 170 mil seguidores.
Além disso, com mais de 7 milhões de posts no TikTok utilizando a hashtag “roupas de Emily in Paris”, a série se tornou um verdadeiro fenômeno da cultura pop.
Para capitalizar essa demanda, a Netflix inovou ao criar uma parceria com o Google, utilizando o Google Lens, específica para promover a série Emily em Paris. Isso permite que os fãs identifiquem e comprem as peças dos looks diretamente através da tela, proporcionando uma experiência de compra interativa.
Assim como aconteceu com Sex and the City — lançada em 1998, com seis temporadas —, Emily em Paris dita tendências, e Emily, como Carrie Bradshaw, se tornou um ícone da moda.
No entanto, a série de Lily Collins atrai um público jovem, altamente conectado e familiarizado com as ferramentas digitais.
Essa combinação, aliada às parcerias com marcas, impulsionou as vendas online de forma exponencial.
Enquanto os fãs de Carrie precisavam percorrer boutiques em busca dos sapatos Manolo Blahnik, os admiradores de Emily Cooper podem adquirir a mesma bolsa Vivienne Westwood ou os sapatos Christian Louboutin com um simples clique, graças à integração com o Google Lens.