Todos estão comentando sobre a festa de gala deste ano no Metropolitan Museum of Art, o Met, em Nova Iorque, que aconteceu no dia 1º de maio, e nós não podíamos deixar de contar aqui no Blomme, é claro!
Tradicionalmente esse evento, um dos mais esperados do mundo da moda, com direito a tapete vermelho e vestidos de alta costura, antecede à abertura de uma exposição no Met com tema afim.
Nesse ano, o homenageado é o estilista Karl Lagerfeld que, em seus mais de 65 anos de carreira, criou roupas que entraram para a história da moda.
Inaugurada no dia 5 de maio, a exposição tem o tema Karl Lagerfeld: A Line of Beauty, que também foi o da festa de gala no Met.
Karl Lagerfeld é conhecido por uma das colaborações mais duradouras da história da moda à frente de duas das maiores maisons de luxo do mundo; foram 36 anos na direção criativa da Chanel e 55 anos na da Fendi.
O curador da exposição, Andrew Bolton selecionou 200 peças criadas por Karl para as Maisons para qual trabalhou – Patou, Chloé, Fendi, Chanel, além da marca que leva seu nome – e as exibiu em espaços projetados pelo arquiteto Tadao Ando bem ao lado dos croquis feitos pelo estilista.
Ao esmiuçar a obra de Lagerfeld, a exposição mostra as muitas facetas do designer, do figurativo e abstrato ao contracultural e, por trás de tudo, seu lado teutônico e o outro, francês, a racionalidade e a emoção.
“Uma coisa que eu sabia com certeza é que não poderíamos fazer uma retrospectiva tradicional”, disse o curador da exposição no Met.
Sobre o estilista, Anna Wintour, a anfitriã oficial do baile de gala, editora-chefe da revista Vogue US e diretora criativa de Condé Nast, comenta: “era um homem complicado”.
Na verdade, não faltaram críticas à escolha de Lagerfeld como tema da festa e da exposição do Met, a despeito do reconhecido talento do reverenciado estilista.
De fato, ele ficou conhecido por inúmeras polêmicas, misoginia e falas controversas, racistas e preconceituosas como contra os corpos mais curvies, o casamento gay e o movimento #MeToo, provocando a ira de feministas, muçulmanos, ambientalistas, celebridades e muitos outros.
Para se ter uma ideia, Lagerfeld ridicularizou mais de uma vez mulheres gordas como, na época, a cantora Adele, comentou que Coco Chanel “não era feia o suficiente para ser feminista” e criticou a Alemanha, onde nasceu, por aceitar refugiados que fugiam de países muçulmanos.
Mas a exposição do Met, como explica Anna Wintour, é concentrada nas inúmeras contribuições de Lagerfeld para o mundo da moda e não na sua vida e opinião pessoal.
De fato, Karl Lagerfeld deixou um dos mais marcantes legados para a história da moda contemporânea.
O estilista, de origem alemã, nasceu em Hamburgo.
Apesar de nunca ter revelado o ano de seu nascimento, consta que Lagerfeld nasceu em 10 de setembro de 1933.
Ele aprendeu a desenhar no Lycée Montaigne, em Paris, depois que sua família se mudou para a França.
Em 1954, Lagerfeld venceu o concurso do International Wool Secretariat na categoria de melhor casaco e foi contratado como assistente de Pierre Balmain.
O estilista trabalhou também na Jean Patou e, em 1966, como designer da Chloé, fazendo da marca uma das mais proeminentes dos anos 70.
Nesse mesmo período Lagerfeld foi contratado pela Fendi para revitalizar sua linha de peles. Ele foi o responsável pela criação do logotipo de FF invertido e permaneceu como diretor criativo da marca até seu falecimento.
Quase duas décadas depois, começou a fase mais importante de sua carreira.
Karl Lagerfeld se tornou diretor criativo da Chanel em 1983, cuidando do prêt-à-porter, alta costura e acessórios da Maison.
Como sucessor de Chanel, ele revitalizou as peças icônicas da marca, como a Chanel 2.55, e atraiu toda uma nova geração de clientes nesse meio tempo.
Ele tornou as saias mais curtas e diminuiu os acessórios.
Na era das mídias sociais, Karl Lagerfeld se reinventou, e os curiosos cenários de seus desfiles chamavam a atenção, desde o supermercado e o cassino ao lounge de aeroporto e praia.
Lagerfeld logo se tornou um ícone de estilo; suas criações, personalidade e imagem pessoal, com suas golas engomadas, óculos escuros, luvas sem dedos e cabelos brancos presos num rabo de cavalo branco, tornaram-se tão marcantes que o designer criou, paralelamente a seu trabalho na Chanel e na Fendi, a sua marca homônima.
Lagerfeld ficou conhecido no mundo da moda como “kaiser”, que significa imperador em alemão.
Hoje, a ideia do que é a Maison Chanel está quase tão associada aos códigos de Lagerfeld quanto aos da própria Coco Chanel.
Em 5 de março de 2019, a última coleção de Lagerfeld para a Chanel foi apresentada no desfile no Grand Palais em Paris sem a presença do estilista, dando fim ao mais longo reinado no mundo da moda.
Ele havia falecido poucos dias antes em 19 de fevereiro.
Então, controvérsias e polêmicas à parte, a escolha de Lagerfeld para o tema da festa e exposição do Met não é uma merecida homenagem ao trabalho desse icônico estilista?
