Galeries Lafayette e a elegância parisiense.

Galeries Lafayette: a elegância parisiense!

Desde que comecei a dar aulas em Paris, tenho o prazer de me encontrar regularmente com amigas e colegas com quem compartilhei experiências em Londres e Milão. Curiosamente, quando estamos juntas, o convite para tomar um café nas Galeries Lafayette surge invariavelmente, afinal, é uma das opções mais fabulosas que a cidade oferece.

No meu caso, as visitas às Galeries Lafayette têm um propósito adicional ligado ao meu trabalho: costumo levar meus alunos para estudar as estratégias de visual merchandising.

Em geral, ao explorar as Galeries, seja na icônica Boulevard Haussmann, um marco na história do grupo Galeries Lafayette, ou na filial dos Champs-Élysées, percebemos que ela cativa cada vez mais a atenção dos franceses, turistas e, sobretudo, das novas gerações, como os Millennials, a minha geração, e a GenZ.

Quando estou acompanhada de minhas amigas e optamos por um café na Galeria Lafayette Haussmann, não deixamos de explorar os diversos andares, admirando as coleções e apreciando a arquitetura deslumbrante, até alcançarmos o terraço, de onde desfrutamos de uma vista espetacular da cidade.

Se, por outro lado, decidimos visitar a loja dos Champs-Élysées, encontramos um ambiente sempre agitado, com uma atmosfera minimalista que atrai especialmente as gerações mais jovens, além de oferecer uma seleção de novas marcas.

No entanto, quando estou acompanhada pelos meus alunos, a experiência se torna enriquecedora, pois dedicamos nosso tempo ao estudo minucioso das estratégias de marketing, tanto das grandes marcas quanto da própria Galeries Lafayette.

Independentemente do motivo da visita, uma ida às Galeries Lafayette é uma experiência imperdível, um mergulho no autêntico estilo de vida parisiense.

Neste post, compartilho um pouco do que sei sobre as Galeries Lafayette, com foco na filial da Boulevard Haussmann, explorando sua incrível história e, sobretudo, seu significado na moda e no coração dos parisienses.

Em breve, também discutiremos, em outro post, as estratégias de visual merchandising da filial dos Champs-Élysées.

Agora, convido você a embarcar em uma jornada pela história da Galeries Lafayette na Boulevard Haussmann.

Galeries Lafayette, o conglomerado de luxo!

Hoje, como mencionado em nosso post sobre os conglomerados da moda, a maior parte das grandes marcas de moda, como Versace, Gucci e Saint Laurent, foram adquiridas por grupos empresariais, os conhecidos conglomerados de luxo como a LVMH, Kering e Richemont. 

No entanto, este não é o caso do grupo Galeries Lafayette, que sobreviveu a crises financeiras, duas guerras mundiais e mudanças no varejo e, sob o controle da família, há cinco gerações, tornou-se um verdadeiro conglomerado de luxo, demonstrando uma enorme capacidade de crescimento, diversificação e inovação. 

O grupo recebe mais de 60 milhões de visitantes por ano, em suas 290 lojas físicas e também online, como afirmado pela Galeries Lafayette em seu site oficial, que, aliás, oferece muitas informações detalhadas sobre o grupo.

Agora, vamos ao início, à primeira loja do grupo: as Galeries Lafayette localizadas no Boulevard Haussmann, no 9º arrondissement, uma joia arquitetônica da Art Nouveau no coração de Paris, que se tornou um ícone da França e, para mim, um lugar imperdível.

Galeria Lafayette Haussmann, onde tudo começou!

Em 1893, dois primos da Alsácia, Théophile Bader e Alphonse Kahn, decidiram abrir uma loja na esquina da rue La Fayette com a rue de la Chaussée d’Antin.

Tudo começou há 130 anos com um simples armarinho de 70 m²!

Se a aposta foi audaciosa, a localização era ideal: a loja se beneficiava da proximidade da Ópera e das Grandes Avenidas, onde diariamente multidões de parisienses e provincianos corriam em direção à vizinha Gare Saint-Lazare, atraídos pelas lojas.

Em 1896, a empresa adquiriu todo o edifício na 1 rue La Fayette, e em 1903 os edifícios nos números 38, 40 e 42 do boulevard Haussmann e 15 da rue de la Chaussée d’Antin, e nunca mais parou de crescer!

Graças à localização e à inovadora configuração da loja, que permitia a circulação ao longo das prateleiras das seções, como galerias, em vez de frente a um balcão, como era comum na época, nasceu o nome “Aux Galeries Lafayette.”

Théophile Bader confiou os primeiros empreendimentos em grande escala do Boulevard Haussmann, que foi concluído em 1907, ao arquiteto Georges Chedanne. No entanto, foi em 1912, sob o impulso de Ferdinand Chanut, um aluno de Chedanne, que a loja adquiriu uma nova dimensão.

O luxo no coração de Paris!

Inaugurada em outubro de 1912, a flagship das Galeries Lafayette assumiu sua forma mais espetacular. Ferdinand Chanut convocou renomados artistas da Escola de Nancy para a ornamentação deste monumento, que fazia parte do movimento Art Nouveau de Paris.

O sonho de Théophile Bader era criar um “bazar de luxo” onde a opulência e o requinte dos produtos deslumbrariam os clientes… e ele o conseguiu! 

Uma luz dourada, emanando da cúpula, inunda até hoje o grandioso salão, fazendo brilhar o seu interior. 

Uma escadaria monumental, inspirada na Ópera de Paris, foi concebida por Louis Majorelle, que também é responsável pela bela ferragem das varandas. 

Anos mais tarde, em 1974, essa escadaria seria desmontada na reestruturação do espaço, mas sua grandiosidade deixou uma impressão duradoura em gerações!

A cúpula, culminando a uma altura de 43 metros, se transformou no ícone das Galeries Lafayette. Um mestre vidreiro, Jacques Gruber, concebeu os vitrais em estilo neobizantino. No topo do edifício, o terraço passou a oferecer uma vista panorâmica de Paris que continua a deslumbrar visitantes até os dias de hoje.

A área de vendas foi dobrada, mas as inovações não pararam por aí. Juntamente com os 96 departamentos já existentes, foram adicionados espaços não comerciais: uma elegante sala de chá, um aconchegante recanto de leitura e uma sala de fumadores.

Nesse momento, fazer compras se tornou, sob o impulso das lojas de departamento, uma atividade de lazer. Imagine tudo isso nas primeiras décadas do século passado! 

Eventos excepcionais eram organizados para entreter uma clientela ávida por novidades, incluindo o agora famoso desembarque de Jules Védrines em 1919. O aviador teve que pagar uma multa por voar baixo sobre Paris, mas conquistou para a posteridade o título de primeiro “delinquente” da história da aviação. As vitrines desempenhavam um papel crucial nas vendas, constituindo um evento à parte e despertando o desejo dos transeuntes.

A moda ao alcance de todos!

Desde o início, as Galeries Lafayette reafirmaram sua vocação: moda e inovação.

Théophile Bader tomou medidas audaciosas, criando ou adquirindo unidades de produção exclusivas para fabricar roupas com a marca Galeries Lafayette. Ele também compreendeu a natureza efêmera da moda, onde gostos e desejos dos clientes mudam rapidamente. 

Para manter-se atualizado, ele desenvolveu um método engenhoso: acompanhado por um estilista, frequentava corridas e óperas, discretamente copiando os trajes das mulheres mais elegantes, muitas vezes dos renomados costureiros, e então fazia adaptações rapidamente.

A democratização da moda estava em pleno andamento, e o sucesso era a palavra de ordem. Pessoas de todas as classes sociais fluíam para as Galeries Lafayette, desde a classe média alta até as costureiras e operárias da indústria da moda, conhecidas como “midinettes,” que usavam suas horas de almoço para visitar as galerias e ficar por dentro das últimas tendências.

Na fachada da rue La Fayette, uma enorme faixa proclamava: “Galeries Lafayette, a casa que oferece o melhor mercado de Paris”.

Como um toque curioso e distintivo para se destacar da concorrência, Théophile Bader decidiu instalar os banheiros mais badalados da época.

Galeria Lafayette Haussmann, a estratégia acertada!

A empresa optou pelo crescimento e pela diversificação de sua oferta: aos departamentos tradicionais, juntaram-se roupas masculinas, móveis, brinquedos e louças. Fiel à sua missão de tornar a criação acessível, as Galeries Lafayette estenderam seu compromisso com a moda para as artes aplicadas e o design.

Em 1922, a loja de departamentos abriu as “Oficinas de Artes Aplicadas La Maîtrise”, confiadas ao decorador Maurice Dufrêne, que se tornou seu diretor artístico. O objetivo dessas oficinas era produzir “obras” (móveis, tecidos, tapetes, papéis de parede, cerâmicas, etc.) ao alcance de todos, desde os mais jovens até as pessoas mais maduras. Os decoradores e irmãos gêmeos, Jean e Jacques Adnet, estavam entre os primeiros colaboradores.

Mesmo com a crise econômica e financeira de 1929, as Galeries Lafayette continuaram a expandir sua estrutura no Boulevard Haussmann. Em 1932, o edifício passou por uma renovação pelas mãos do arquiteto de transatlânticos, Pierre Patout, no estilo Art Déco, com janelas em arco projetadas por René Lalique.

De 1941 a 1944, com a ocupação de Paris, a família fundadora foi excluída dos negócios, e a sociedade ficou sob a administração de Vichy. Após a Segunda Guerra Mundial, a família retomou o controle da empresa.

Para enfrentar os desafios do pós-guerra, as Galeries Lafayette passaram por uma reforma. A modernização do carro-chefe começou com a inauguração da escada rolante mais alta da Europa, no Natal de 1951. 

Em seguida, os salões internos foram removidos e, de 1957 a 1959, o edifício foi expandido em dois andares. A modernização arquitetônica foi acompanhada por uma evolução do produto, graças, em particular, à criação em 1952 de um escritório de estilo. 

A democratização permaneceu no centro da missão da empresa, e em 1954, criaram o “Festival da Criação Francesa”, uma espécie de Oscar da moda.

No início dos anos sessenta, jovens estilistas lançaram o prêt-à-porter, preenchendo o espaço entre a alta-costura e a alfaiataria tradicional. A cada temporada, as Galeries Lafayette revelam esses jovens talentos, fornecendo-lhes pequenas boutiques ou espaços dentro da loja. A primeira estilista a ser homenageada foi Laura, a futura Sonia Rykiel, em 1962.

Em seguida, foi a vez de Daniel Hechter, Pierre Cardin, Cacharel, Yves Saint-Laurent e Dorothée Bis. Segundo o site das Galeries Lafayette, a loja de departamentos Haussmann é um dos locais mais visitados de Paris e, desde aqueles tempos, uma parada privilegiada para personalidades, que vão desde a Duquesa de Windsor e Madame Khrushchev até Bill Clinton e o Príncipe Charles.”

Galeria Lafayette Haussmann 1, 2 e 3 … um novo conceito!

Em 1974, uma nova página se iniciou com o desmantelamento da escadaria principal. Dez anos depois, em 1984, o piso térreo central passou por uma requalificação para abrigar boutiques de prestígio.

Já em 1969, uma nova loja havia sido aberta do outro lado da rue Mogador, inicialmente reservada para o público jovem. Pela primeira vez, esse espaço reuniu diversos produtos adaptados a um estilo de vida específico. A Lafayette 2 passou a abrigar a moda masculina, e, em 1990, a Lafayette 3, a Gourmet.

As Galeries Lafayette se tornaram, assim, o primeiro “centro urbano de instalações” que engloba lojas, serviços, estacionamento e acesso direto ao metrô.

Em 1980, as Galeries Lafayette criaram o “Festival de la Mode”. Até 1999, o “Oscar do Festival” selecionava os melhores modelos de grife feitos para as Galeries Lafayette, convidando diretores artísticos de prestígio para realizarem seus eventos. Personalidades notáveis se sucederam: Karl Lagerfeld, Robert Wilson, Jérôme Savary, Marie-Claude Pietragalla, David LaChapelle, entre outros. 

Em 1984, a exposição “La France a du talent” celebrou a abertura do piso dos criadores, que receberam Azzedine Alaïa, Jean-Paul Gaultier, Thierry Mugler e Jean-Charles de Castelbajac. 

Em 2001, a marca se destacou ao contratar os serviços de Jean-Paul Goude para sua comunicação. Sua primeira campanha publicitária, “As aventuras de Laetitia Casta na terra das Galeries Lafayette”, marcou o início de uma longa e frutífera colaboração. O fotógrafo infundiu nova vida ao espírito da marca com campanhas iconoclastas incorporando os valores das Galeries Lafayette.

Ao longo do tempo, o Grupo Galeries Lafayette manteve uma forte ligação com o mundo da moda e da criação contemporânea.

Um passeio no estilo parisiense…

As Galeries Lafayette Haussmann são mais do que apenas uma loja de departamentos; elas representam um emblema da elegância parisiense e da arte de viver.

Para os parisienses, essa icônica loja é o reflexo de um estilo de vida que celebra a moda, a estética e o requinte. A grandiosidade da loja e o compromisso com a qualidade a tornaram motivo de orgulho para os locais. Uma visita às Galeries Lafayette, para os parisienses, não é simplesmente uma jornada de compras; é uma experiência enriquecedora.

É um momento para degustar um café com leite na elegante cafeteria da loja, contemplar a magnífica cúpula e perambular pelos corredores repletos de moda, acessórios e iguarias gourmet. É um local para ser visto e, ao mesmo tempo, observar.

Lá, você pode imergir nas últimas tendências e desfrutar do melhor do design francês e internacional. Essas lojas continuam a ser um marco cultural, uma joia arquitetônica e um símbolo inconfundível da elegância francesa. 

As Galeries Lafayette verdadeiramente capturam o espírito em constante evolução da “Cidade das Luzes”, que, no entanto, permanece eterno.

A Galeria Lafayette Haussmann em Paris é um lugar que vale a pena conhecer, mesmo que sua intenção não seja a de fazer compras.

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