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Alta costura: o que é, e duas maisons imperdíveis!

Na semana de moda parisiense é esperado que as maisons de alta costura surpreendam com criatividade e arte. 

Algumas vão além, são tão bem sucedidas que reinventam a moda e o seu próprio DNA. É a moda no seu moto-contínuo, criação e recriação! 

Nesse ano os olhares se voltaram para a Dior, que mencionamos no nosso post sobre os níveis da moda, e para duas outras grandes maisons de haute couture que vamos comentar agora: Elsa Schiaparelli e Giambattista Valli.

Saiba o porquê do sucesso dessas duas maisons, mas antes entenda o que é alta costura!

O que é alta costura?

A alta costura ou haute couture é o nível mais alto da moda, aquele de maior luxo, pois cada peça é realizada sob medida para um cliente e confeccionada inteiramente à mão empregando materiais de prestígio. 

A alta costura funciona como uma vitrine para a marca, despertando emoções e impulsionando a venda, sobretudo, de outras linhas de produtos mais acessíveis. 

Na França, o termo haute couture é protegido por lei, e a Chambre de Commerce et d’Industrie de Paris determina quais são as maisons que podem ser consideradas de alta costura. 

Dentre elas estão: Chanel, Christian Dior, Giambattista Valli, Givenchy, Maison Margiela, Armani Privé e Valentino. 

Os desfiles da semana de alta costura acontecem em Paris duas vezes por ano, nos meses de janeiro e julho. 

Maison Schiaparelli, surpreendente?  

Depois de ter vestido Lady Gaga no evento de posse de Joe Biden, o estilista americano Daniel Roseberry, diretor criativo da maison Schiaparelli, apresentou uma coleção surrealista em janeiro desse ano.    

A apresentação da coleção se deu apenas por meio digital, mostrando as modelos durante as provas e nas sessões de fotos na sede da empresa na famosa Place Vendôme em Paris. 


“Quero criar uma maison de Haute Couture singular”, explicou Daniel Roseberry após a apresentação. 

Com certeza, ele conseguiu!

A coleção de Schiaparelli mais uma vez se mostrou um verdadeiro “laboratório” de moda.   

Uma modelo loira, que lembra a própria Elsa Schiaparelli, vestia uma peruca de metal dourada e uma jaqueta em Jersey técnico com corte escultórico, decote em V profundo bordado com elementos em resina e metal dourados que pareciam verdadeiras joias.  

Daniel Roseberry é conhecido por jogar com volumes extremos. O próprio vestido de Lady Gaga para o evento de posse do novo presidente americano era feito usando quatro metros de faille de seda vermelho intenso.

No entanto, nessa coleção o estilista foi além e optou por vestidos que pareciam verdadeiras esculturas, abdomens esculturais e ombros marcados. 

Daniel criou peças que enfatizam o corpo feminino, mas, como já feito por Elsa Schiaparelli há tempos, sua intenção é evidenciar o corpo sem preconceitos, de modo irreverente. O corpo veste a própria moda!   

Essa é a terceira coleção criada pelo designer para a empresa italiana.

O proprietário da maison, Diego della Valle, demitiu diversos diretores criativos nos últimos anos, mas o sucesso de Daniel Roseberry com o seu talento, criatividade e irreverência indicam que ele veio para ficar.   

Quem foi Elsa Schiaparelli? 

Italiana nascida em Roma, amiga de artistas como Salvador Dalí, a estilista tinha um estilo extravagante que combinava com Hollywood. 

Tornou-se, nos anos 30, a estilista de atrizes como Marlene Dietrich e Greta Garbo.

Elsa Schiaparelli ficou conhecidas pelas suas peças com silhueta marcada e ombros amplos que afinavam os quadris, bem como por suas criações curiosas, como o chapéu em forma de sapato, a bolsa-telefone e o tailleur-escrivaninha cheio de bolsos. 

A relação entre a estilista e o cinema foi muito profícua. 

Ela assinou figurinos de muitos filmes como “Pigmalião” (1938), “No turbilhão parisiense” (1938) e “Moulin Rouge” (1952). 

Quer saber mais sobre a colaboração entre moda e Hollywood? 

Confira o nosso post sobre: 101 filmes para quem ama moda.

Maison Giambattista Valli, mundo hiperfeminino?  

Durante o meu master em Milão estava convencida que iria trabalhar para Giambattista Valli. Queria fazer parte do mundo haute couture do estilista.  

Fiz até a minha dissertação do mestrado sobre o trabalho dele.

Com o tempo, a minha carreira tomou uma direção um pouco diferente…, mas isso não impediu que eu acompanhasse de perto o trabalho desse estilista italiano radicado em Paris.  

Quando vi a apresentação digital da coleção de Giambattista Valli em janeiro passado tive certeza de que ele merecia um lugar de destaque aqui. 

I miei abiti esagerati sono un invito a sognare.

Os meus vestidos exagerados são um convite para sonhar.

Giambattista Valli

O estilista inspirou-se na cidade espanhola de Sevilha na Andaluzia. 

A sua intenção era mostrar as diversas culturas que lá vivem e viveram. 

Segundo Giambattista Valli, o encontro entre as culturas hispânica e islâmica levou a criação de uma terceira cultura, híbrida, onde o melhor desses dois mundos se encontra.  

A moda é considerada pelo estilista arte. Empenha-se a criar vestidos que permitam as suas clientes sonharem.   

Giambattista Valli mostra a essência da sua criatividade usando e abusando de babados e volants, diversas camadas de tecidos que constituem formas hiperfemininas.  

Giambattista Valli, reflexões em tempos de pandemia? 

Certamente o que estilista viveu durante o ano de 2020 determinou o seu processo criativo.

Ele contou que, antes de criar essa nova coleção apresentada em janeiro de 2021, revisitou a sua própria história, lembrando do que o fez apaixonar pela alta costura no início da carreira. 

O estilista buscou entender por que as pessoas compram as suas criações, como elas estão vendo a moda na pandemia e quais serão as suas prioridades após o lockdown. 

Ele concluiu que, sem dúvida, o timing do mercado da moda, o tamanho das coleções e o formato dos desfiles vai mudar. 

E acredita que as capsules collections vêm com muita força. 

Vale lembrar que capsule são coleções com edição limitada, compostas por poucos itens coordenados entre si, tendo como base uma inspiração ou tema, que compreende todos os elementos – formas, tecidos e aviamentos – e tem como objetivo criar um total look.  Essa coleção é disponibilizada somente por um curto período de tempo.  

Giambattista Valli também pensa que serão desenvolvidas ferramentas digitais para conectar as pessoas e as marcas, transmitir as ideias e conceitos por trás das coleções de moda, das roupas, volumes e materiais, enfim o futuro da moda

E isto, segundo o estilista, será mais fácil para as maisons que possuem uma identidade bem definida, com a criação de uma comunidade em torno da marca. 

Ele conta que a maior parte das vendas da sua coleção de outono/inverno 2020 já foi online e acredita que essa tendência também continuará em 2021.

Quer entender melhor o trabalho do estilista?  

Confira o desfile anterior, apresentado em julho de 2020, Giambattista Valli Haute Couture 19 digital showcase, que mostra a essência das criações e as fontes de inspiração do estilista num passeio virtual por Paris e seus arredores.

Quem é Giambattista Valli?

Giambattista Valli nasceu em Roma em 1966, mas estudou moda na Saint Martin School of Arts em Londres.   

Depois de obter seu diploma, ele começou a trabalhar para Roberto Capucci e, em seguida, para Fendi como designer da segunda linha chamada Fendissime (linha que hoje não existe mais). 

Em 1993, com apenas 26 anos, ele assumiu a linha de prêt-à-porter da maison Krizia. 

Três anos mais tarde, Emmanuel Ungaro lhe ofereceu uma posição como coordenador das linhas de prêt-à-porter e haute couture, e em seguida foi nomeado diretor criativo da linha de prêt-à-porter da Ungaro. 

Em 2004, o estilista deixou a empresa para criar a sua própria marca, caracterizada pelo universo poético e extremamente feminino. 

A primeira coleção que ele apresentou em 2005 fez um enorme sucesso pela sofisticação e prestígio dos materiais, elegância e feminidade das formas por ele desenhadas. 

Em 2010, ele abriu a primeira boutique da marca em Paris. 

No ano seguinte foi convidado pela Chambre Syndicale de la Haute Couture para desfilar na semana de moda parisiense.  

Em 2014, lançou a sua linha de prêt-à-porter Giamba, uma coleção jovem apresentada em Milão. 

Ele também colaborou com a linha de alta costura da Moncler – Moncler Gamme Rouge – durante quase dez anos. 

Atualmente Giambattista Valli apresenta dois desfiles de haute couture por ano e três de prêt-à-porter. 

Schiaparelli e Giambattista Valli, arte na passarela?  

Como visto nas apresentações virtuais das coleções, as maisons Schiaparelli e Giambattista Valli deram um show de criatividade na semana de moda de Haute Couture. 

As coleções são uma prova inegável do talento dos estilistas à frente dessas maisons e do quanto as peças da alta costura, construídas inteiramente à mão, se aproximam da arte enquanto obra.      

Um comentário em “Alta costura: o que é, e duas maisons imperdíveis!

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